eventos / 10 de junho de 2013

Feiras de doação e de trocas: novas formas de se pensar o “ter” e o “ser”

Texto de Desirée Ruas*

No dia 11 de maio de 2013, em Belo Horizonte, aconteceu a Feira Grátis da Gratidão, um evento onde as pessoas levaram objetos para troca ou doação, como livros, roupas, brinquedos, mudas, músicas, abraços, conselhos e poesia. Uma variedade de itens, materiais e imateriais, à disposição dos visitantes que foram à Praça Floriano Peixoto, no bairro de Santa Efigênia.

Na feira, cartazes convidavam para a reflexão com frases como “tudo na vida é emprestado, não faz sentido estar apegado”. Um resgate de algo muito valioso em nossos dias: a vivência da gratuidade, de experiências e situações que não dependem de moeda. Poder levar para casa um livro que foi deixado por alguém ou simplesmente deixar para alguém um livro ou uma flor… O espírito de doação e de desapego que é a base da feira da gratidão também incentiva repensarmos a sociedade capitalista, da acumulação, da aparência e da embalagem. O que precisa ser desembrulhado, doado, resgatado?

E, para as crianças, qual é o aprendizado de uma experiência assim? Feiras como a mencionada acima, assim como as feiras de troca de brinquedos que ganham força no país, ensinam um outro jeito de “ter” e de “ser”. Crianças cercadas de excesso de bens e que vivem o mundinho do “é meu”, “não pode”, “não empresto” podem aprender o desapego, acompanhando seus pais em atos de doação e solidariedade, em exemplos de combate ao consumismo e de valorização de pequenos gestos e contato humano pleno de significado. Mas sem o exemplo da família não haverá aprendizado verdadeiro; sem o apoio da escola e de todos que as cercam, as crianças não aprenderão, de fato, o sentido da generosidade e do desapego em tempos de bombardeio consumista. Uma desafio para pais e filhos nos dias de hoje.

http://www.youtube.com/watch?v=aCkHI3FTYEg&feature=youtu.be

Desirée Ruas é mãe de duas, jornalista, especialista em Educação Ambiental, coordenadora do Movimento Consciência e Consumo, de Belo Horizonte. Atua em causas como defesa da infância e combate ao consumismo infantil, leitura crítica da mídia, direitos e deveres do consumidor e ações socioambientais por uma vida mais saudável. 

 

 

 


Tags:  Belo Horizonte Feira da Gratidão

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Mariana Sá




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