A menina funkeira e o linchamento virtual

Texto especial para o Milc de Debora Regina Diniz*

Há algum tempo estamos recebendo denúncias, links e “cobranças” de um posicionamento sobre a menina funkeira (que não diremos o nome nem divulgaremos  imagem pois estaríamos contribuindo ainda mais para a exposição de uma criança).

Demoramos bastante para chegar a uma conclusão, e a verdade é que ainda não chegamos a um consenso de todo.
A única certeza que temos é que: Sim, é uma criança exposta a conteúdo adulto e sexual,  é caso de adultização e sexualização da infância!

Porém, o que temos visto nesse “grande tribunal” que é a internet  muita gente “pagando de herói” expondo ainda mais ou dando ainda mais audiência para isso.

Acreditamos que o caso deve ser investigado pelo Conselho Tutelar (e já está acontecendo) e Ministério Público e as medidas legais cabíveis deverão ser tomadas para que sejam protegidas a imagem e o equilíbrio psicológico da criança.

trabalho infantil
De resto temos mais dúvidas do que certezas:
– Afinal, como falar sobre adultização da infância sem expor ainda mais a criança?
– Como criticar um trabalho infantil, única e exclusivamente pela questão da alta sexualização e evitar críticas morais ou de classe eivadas de preconceito?
– Como tratar da questão da menina numa exposição sexualizada e esquecer que há também meninos funkeiros? Ninguém vai falar deles?
– Todo mundo que está criticando essa menina provavelmente já achou “lindinho” outras crianças cantoras adultizadas?
– As críticas valem só para ela ou para todas as crianças apresentadoras de programas infantis?
– As críticas valem para TODAS as crianças artistas, inclusive aquelas que atuam em filmes violentos?
– As críticas serão só para ela ou para TODO trabalho infantil?

– Como proteger outras crianças que se inspiram no sucesso dessas “artistas infantis”?

Não temos respostas formadas para tudo isso. Mas o debate está aberto.

Nosso foco sempre foi e sempre será a PROTEÇÃO DA INFÂNCIA!!! Compartilhar imagem e fazer julgamentos morais não é nosso papel.

(*) Debora é mãe de três, cursou Letras e Semiótica. É cofundadora do Milc e membro da Rebrinc. É professora,  doula e educadora perinatal. Atualmente vive no Vale do Paraíba e é uma das coordenadoras da Roda Bebedubem. É ativista e implicante com a sociedade atual desde sempre. 


Tags:  abuso exploração infantil mídia música sexualização precoce trabalho infantil

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Mariana Sá




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