criança e mídia / destaque_home / 13 de abril de 2018

Por um youtube mais joinha

Texto especial para o Milc de Mariana Sá*

Tem o ideal e o real. O ideal mesmo é poder não entregar o filho a uma tela – falamos disso desde que a tela era apenas a tevê. Sabemos que isso é privilégio. É privilégio saber que brincar, ler e até ficar sem fazer nada é melhor que ver tevê. É um enorme privilégio poder estar à disposição dos filhos para promover atividades alternativas às telas.

É privilégio também poder estar ao lado para acompanhar os filhos para mediar vídeo a vídeo desconstruindo equívocos apresentados por YouTubers e aproveitando a oportunidade para conversar sobre os assuntos diversos.

ESTE POST NÃO É PARA VOCÊ que conseguiu banir as telas da sua vida e o brincar livre reina soberano em sua casa. Este post não é para quem está ao lado do filho diante da tela e consegue fazer desse limão (conteúdo pernicioso) uma limonada (conversas produtivas sobre temas sensíveis). Continue o bom trabalho e seja grata pelo privilégio.

ESTE POST É PARA VOCÊ que precisa da tela e que decidiu conscientemente permitir que seu filho assista também vídeos do YouTube, mas que anda de cabeça quente com a notícias recentes sobre a qualidade do conteúdo e dos riscos que oferecem os canais mais assistidos por crianças e adolescente. Não se sinta mal e culpada porque por quaisquer motivos seus filhos gostem deste tipo de conteúdo que muitos condenam.

ESTE POST É PARA VOCÊ que conhece bons canais e alternativas no mundo do YouTube: recomende nos comentários o que você já avaliou e que considera.

Da parte do Milc, reafirmamos que o melhor para a criança é brincar, estar ao ar livre, movimentar o corpo, estar com outras crianças, ler, fazer artesanato, ouvir música. Dentre as opções de tela preferimos produções audiovisuais de boa qualidade e adequadas para a idade disponíveis em horários específicos na tevê pública e nos serviços de streaming e por demanda (exemplo: Netflix, Amazon Prime, iTunes, Google Play e correlatas) por não terem publicidade.

Ainda com todo esse conteúdo de mais qualidade, temos consciência que, na medida em que os filhos crescem, fugir do YouTube fica mais difícil. Por isso este post: dos males o menor, vamos juntas oferecer as alternativas menos danosas entre o que está disponível, conversar entre nós e com nossas crianças e ficar atentas às estratégias de controle e bloqueio.

Nossos filhos recomendaram os seguintes canais: Manual do Mundo com Iberê, Gatos Galáticos, Luba e Paula Stephania. E os seus?

Rechaçamos canais contendo desperdício de comida, com apologia sutil ou explícita ao consumismo e ao bullying e pedaginhas humilhantes. Detestamos os vídeos de unboxing e todos aquelas em que fica claro o trabalho infantil. Não temos nada contra o protagonismo de crianças, nada contra crianças terem voz para falarem de assuntos próprios da idade, mas prestem atenção na obrigação em corresponder e performar por likes, brindes e cachês. Mas esse é um assunto para outro post.

(*) Mariana é mãe de dois, publicitária e mestre em políticas públicas. É cofundadora do Milc e membro da Rebrinc. Mariana faz regulação de publicidade em casa desde que a mais velha nasceu e acredita que um país sério deve priorizar a infância, o que – entre outras coisas – significa disciplinar o mercado em relação aos direitos das crianças.


Tags:  youtube youtubekids

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