publicidade de alimentos / 14 de junho de 2013

Danone apresenta: Turma da Mônica no mundo dos corantes artificiais

Texto especial para o Milc de Vanessa Anacleto*

Qualquer mortal que vá ao supermercado acompanhado de filhos pequenos sabe o quanto é difícil resistir aos apelos dos produtos alimentícios infantis. O licenciamento dos personagens preferidos pelas crianças é usado indiscriminadamente para chamar atenção e seduzir. Na maioria das vezes, os produtos vendidos com o personagem amado são ricos em gordura, sódio e açúcar. A utilização dos corantes artificiais é ainda mais grave e por mais que eu reflita sobre o assunto não consigo compreender como é permitido que tais substâncias sejam usadas pela indústria com aval do governo. Certo, Anvisa?

<<imagem texto vanessa monte>>

Na última semana, por exemplo, encontrei no mercado um produto que é ainda mais agressivo no apelo através do uso de personagens. Uma bandeja de iogurte de polpa de fruta da marca Danone convida as crianças a montar os bonequinhos dos personagens da Turma da Mônica utilizando os potinhos vazios e adesivos coloridos. Interessante, divertido, mas não inofensivo. Acontece que, além dos conservantes necessários para a venda em larga escala, o iogurte da Turma da Mônica contem o corante azorrubina, um corante púrpura avermelhado, o E122, já proibido nos Estados Unidos e objeto de estudo pela Comunidade Europeia por ser nocivo à saúde.

<<imagem info nutricional Tabela nutricional do produto>>

<<imagem Azorrubina (fonte: Corantes Artificiais em Alimentos Unesp)>>

O corante azorrubina pode  causar reações alérgicas como asma, bronquite, rinite, náusea, broncoespasmo, urticária, eczema, dor de cabeça, eosinofilia e inibição da agregação plaquetária à semelhança dos salicilatos. Insônia em crianças associada à falta de concentração e impulsividade. Reação alérgica cruzada com salicilatos (ácido acetilsalicílico), hipercinesia em pacientes hiperativos. Estuda-se ainda a possibilidade de provocar hiperatividade em crianças quando associado ao benzoato de sódio. (fonte: http://neonutre.com.br/aditivos-alimentares-e-seus-maleficios/)

<<imagem anexo>>

Fonte: European Medicines Agency

Por que tanto corante? Para tornar o produto mais atraente ao consumidor, diz a indústria. Atraente ou irresistível? Muito preocupada com os lucros, a indústria tratou de subverter nossos padrões estéticos de modo a só aceitarmos aquilo que é notadamente artificial. Será que fruta de verdade não basta, ela precisa ser tingida com E122?

O fato de o corante ser permitido no Brasil já é, por si só, razão suficiente para um questionamento perante a Anvisa. E por conter a substância, deixar de informar a quantidade de corante da receita no rótulo, usar personagens queridos das crianças – e dos pais – para incrementar as vendas e ainda criar um jogo tão interessante para estimular ainda mais o consumo da azorrubina ao invés de morango de verdade, o produto da Danone merece mofar nas prateleiras. Será que ainda teremos que conviver durante muito tempo com propaganda para crianças em produtos alimentícios com substâncias alergênicas sem termos informação adequada sobre sua composição?

<<imagem cascão>>

(*) Vanessa é mãe do Ernesto, blogueira no Mãe é tudo igual, escritora no Fio de Ariadne, opiniática e gosta do que faz.

 

 


Tags:  azorrubina corantes artificiais Danone nutrição infantil turma da Monica

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Mariana Sá




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