Texto de Renata Kotscho Velloso*
A personagem Merida, do filme Valente, foi oficialmente coroada como a 11ª princesa da Disney. A coroação é o reconhecimento da popularidade da personagem que faz muito sucesso com as crianças, especialmente as meninas.
Acredita-se que o sucesso de Merida venha do fato dela não ser uma princesa tradicional. Ela é corajosa, forte e foge do casamento. Mas, ao coroar Merida princesa, a Disney repaginou a personagem. Ela ficou mais magra, mais sexy e aparentemente mais madura. Também deixou de lado o arco e as flechas que carregava a tiracolo. Veja a transformação.
A mudança não agradou muitos fãs e nem Brenda Champman, diretora do filme, e foi criada uma petição para que a Disney não descaracterizasse a personagem.
Mas Merida não é a única personagem da Disney que foi repaginada recentemente para se adequar a padrões de beleza cada vez mais restritos. Quase todas as princesas passaram por procedimentos estéticos como cirurgias plásticas, preenchimentos faciais, apliques no cabelo e por aí vai. Vejamos algumas mudanças mais radicais.
Cinderela passou umas férias em algum spa médico e voltou com a cara da Taylor Swift. Deve ter feito botox também porque rejuvenesceu alguns anos. Também parece ter usado algum tratamento para clareamento facial.
Já a princesa Bela colocou muito megahair no cabelo, operou o nariz e deve ter colocado uns 300 ml de silicone pelo menos em cada seio.
Aurora, a bela adormecida, deve ter dormido bastante na mesa de cirurgia para ficar praticamente irreconhecível; também colocou silicone, operou o nariz, fez preenchimento labial, clareou e colocou aplique nos cabelos. Parece uma BBB depois que sai do programa.
A mudança mais drástica, porém, sofreu a princesa Mulan. Envelheceu uns bons 10 anos, colocou muito implante nos lábios, operou o nariz, mudou o cabelo e, se você não conhece a história, fica até sem saber que a personagem é oriental. A coitada ficou totalmente desconfigurada.
A Disney tem direito de modernizar os desenhos das suas personagens? Claro que sim. Mas é importante lembrar que as princesas Disney servem de modelo para milhares de meninas no mundo todo. O que as meninas estão aprendendo é que para ser princesa é preciso ser magra e sensual. Será que é esse o ideal de mulher que queremos passar para meninas em idade pré-escolar?
Felizmente, depois da diretora do filme Valente, Brenda Champman, ter criado uma petição online contra as mudanças da personagem Merida, que a transformavam em tudo o que ela era contra no filme, e ter conseguido mais de 200.000 assinaturas em dois dias, a Disney reconsiderou a sua posição e reverteu o desenho da personagem às características originais. Parabéns à empresa que, pelo menos nesse caso, demonstrou ter alguma sensatez.
*Renata é mãe de 3 meninas: Luiza, Julia e Clara. Médica formada pela Unicamp, em Campinas, mora há um ano com sua família na Califórnia. Sua filha Julia é autora do blog ChefJuju, com muitas receitas gostosas.
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11 Comments
Acho Merida uma tentativa muito infeliz de fazer uma “princesa diferente”. É claro que ela não quer casar, quer curtir a infância e que nem os príncipes querem nada de casamento. Entretanto, infelizmente, ela é apenas um menino travestido de menina. O filme é altamente violento. A cena dela e a mãe quando esta vai se transformando num urso por conta da teimosia de Merina é uma das mais tristes e violentas que já vi. Busquei assistir a esse filme com uma esperança tão grande quanto foi minha decepção. Meninas como Merida, que esculhambam a mãe, são paparicadas pelo pai e usam de violência crescem aos montes em cada bairro de qualquer cidade. O que esperava, e não encontrei, foi uma menina que trouxesse a Cultura da Paz, mesmo lutando em prol de seus ideais. Nisso, a Rapunzel do Enrolados, é muito melhor!
Affff… Quanto blablablá.
Criatiiiva 🙂 mas realmente…nenhum blábláblá, vc conseguiu o/
Mas a história é justamente sobre a transformação da Merida, já que ela estava insatisfeita com a forma que a mãe agia com ela, mas não tinha maturidade pra lidar com isso nem humildade pra admitir que de alguma forma ela estava errada
A cultura pela paz não está no filme. É um Ben 10 de vestido. Se queremos mudar o mundo e as “princesas”/meninas/mulheres não podemos fazer isso através da violência.
Acho que não vimos o mesmo filme Patricia. A relação de Merida com a mãe é normal, meninas entram em conflito com a mãe quando estão crescendo. E não é um filme menos violento do que Branca de Neve. E você não prestou atenção (ou não quis) na forma como Merida protege a mãe, durante a transformação. Também não prestou atenção na estória toda. A mudança, para algo que el queria, teve um preço, um preço alto, assim como o guerreiro que se transformou em urso, que acaba sendo libertando no final. E francamente estória sem violência, só a Rapunzel de enrolados mesmo, porque a estória original não tem nada disso.
Olá, Rosana, assistimos ao mesmo filme, sim 🙂 e por sermos diferentes é o que faz nossa opinião e olhar serem diversos. E viva isso! Assisti duas vezes. Só uma com minha filha, de 4 anos, que não quis ver até o final. Os contos de fadas (originais, dos irmãos Grimm, por exemplo) geralmente tem madrasta. A psicanálise diz que esse é um fator imprescindível para a menina se sentir à vontade para sentir raiva da mãe sem peso-na-consciência…já que a madrasta é uma espécie de mãe, mas não é a mãe, então ela projeta os sentimentos negativos que sente pela mãe na madrasta e as coisas vão se reequilibrando lá dentro dela. O mesmo ocorre com o Lobo Mau. Veja que qdo ele aparece o pai está ausente. O que acho impressionante é como as crianças adoramo lobo mau. Enfim, Merida “pula” a parte da terapia rsrs e vai direto ao ponto: ta com raiva da mãe vai lá, a mãe é a inimiga, bota pra lanhar nela. É, se arrepende. É filme, neh? E infantil…
Também não gostei muito da Merida não…acho o filme violento sim. E não acho legal que crianças muito pequenas assistam…Porque elas não apreendem a história como a gente, né? Às vezes se prendem a algumas partes, algumas características, mesmo que depois haja reviravoltas e “fique tudo bem”. Minha sobrinha de 5 anos depois que assistiu passou a gritar com a mãe, que perguntou o que estava acontecendo, por que ela estava fazendo isso tudo que nunca havia feito…e ela disse que “é assim que a Merida faz”. Também acho que foi uma tentativa de fazer uma princesa “diferente”, mas a meu ver não deu muito certo não, pelo menos para crianças pequenas.
E quanto às modificações das princesas todas, sem comentários…Ando com uma preguiça da Disney.
Eu sinceramente não achei que ele tem um caráter violento. Acho que o roteiro e a direção foram muito felizes em abordar uma relação conflituosa entre mãe e filha que divergem sobre várias coisas, mas principalmente, sobre visões de mundo e de relações. Caminha inclusive na contramão do mito de que as meninas devem ser sempre ‘dóceis’, ‘amáveis’, ‘bem comportadas’. Inclusive, achei isso importante para mostrar que, se antes Merida era impulsiva, determinista e cheia de vontades, é porque ela questionava veementemente a obrigação de se adequar ao que a mãe planejara pra ela. No entanto, durante o rumo do filme, percebe-se que ela amadurece. Não deixa de continuar acreditando no que defende, mas percebe que há várias formas de se afirmar sem estar em constante embate com a mãe. E vice-versa, a mãe dela também percebeu que ambas poderiam conviver pacificamente sem imposições de vestimentas e comportamentos – que muitas vezes exercemos como mãe também. E temos que entender que há também uma questão cultural – o filme aborda culturas diferentes das que estamos acostumadas a ver em desenhos animados, que são a norte-americana e a européia. O desenho se baseia na mitologia celta e em tradições vikings. Enquanto o pai de Merida não se desliga em nada de sua cultura viking (jeito de falar, comer, vestir etc.), a mãe dela procura ir na contramão e adequar sua família a um modo de ser europeu e ocidentalizado. Já Merida é reflexo do pai e com ele se identifica em tudo – inclusive em tentar ser autêntica o tempo todo. Enfim, acho que há vários elementos culturais a ser discutidos, mas estou sem tempo agora. rsrs
Na minha opinião Merida é uma tentativa muito bem sucedida sim. Você não gostou do filme pois e uma das muitas pessoas que acham que princesas devem ser sempre frágeis sem opinião própria que só seguem o mesmo padrão imposto por uma sociedade fictícia de que toda princesa deve ser do mesmo jeito que todas as outras.Eu gostei muito da história e da moral do filme e principalmente da princesa Merida pois ela não se deixa levar pelas outras pessoas e constrói o próprio destino.
Eu gostei muito do filme principalmente da princesa merida nem todas as princesas precisam ser iguais o filme ensina a construir seu proprio caminho e a nao se levar pelos outros no meio do filme da para ver que merida amadurece.