outros / 16 de agosto de 2013

Minimalismo não tem nada a ver com coisas: destralhe sua mente

*Texto de Renata Kotscho Velloso, publicado originalmente no blog Cinese

menos_mais

Sou casada, tenho 3 filhas, moro em uma casa no subúrbio de quatro dormitórios, temos 2 carros na garagem e sim, me considero minimalista. O legal do minimalismo é isso: cada um faz o seu.

Quando a gente começa, normalmente vamos pelas coisas. Destralhamos nossa casa, pensamos mil vezes se precisamos mesmo de algo antes de consumir, fazemos escolhas conscientes, limpamos a vida de tudo que é desnecessário para podermos focar no que é mais importante para nós.

É aí que a gente percebe que a quantidade de coisas que possuímos é a menor parte. Seria meio contraditório mesmo que um movimento que prega que coisas não são importantes estivesse baseado apenas na quantidade de bens que cada um possui. Então a resposta é, sim, você pode ser minimalista tendo uma casa grande, assim como pode ser minimalista conseguindo colocar tudo o que você possui dentro de uma mochila. Essa falta de regras é que traz a beleza dessa filosofia de vida.

Porque o minimalismo é isso: uma filosofia de vida, não uma competição para ver quem consegue viver com menos, o que seria totalmente tosco.

Ser minimalista, para mim, é viver intencionalmente, focando decisões e energia nas paixões e deixando de lado tudo o que não interessa, o que não ajuda. Não só coisas. Coisas são o de menos.

Depois que doei mais de metade das coisas que atravancavam a minha cozinha, grande parte dos meus livros, todos os meus CDs (e por aí vai), abri um espaço para que eu pudesse pensar com mais clareza e começasse a descartar tudo o que não servia: leituras que não acrescentavam, programas de TV, relacionamentos, eventos. Hoje, tudo o que tira o foco do que eu realmente quero para a minha vida coloco no mesmo tipo de caixa que os sapatos apertados que eu nunca vou usar.

Deixei de ir a festas só porque achava que isso era socialmente desejável, não mais permiti que aquela indireta no facebook estragasse o meu dia, deixei de me interessar pelas pessoas que são fotografadas na praia só para sair na capa dos portais de notícia, aprendi a dizer não para tudo o que não me agrega.

Destralhar nossa mente e as nossas ações é ainda mais importante do que destralhar nossa casa. E é mais difícil também. Se desconectar de uma pessoa que não te faz bem é bem mais difícil do que fazer uma limpeza no guarda roupa. E talvez mais necessário.

Para mim, minimalismo é isso. Escolher bem com quem e a que vamos dedicar a nossa vida. Talvez seja uma filosofia um bocado egoísta. Mas é real. Só quando estamos felizes conseguimos nos entregar, ser úteis socialmente.

E o mundo precisa de mais protagonistas se entregando e menos figurantes fazendo numero.

*Renata já se acostumou ser chamada de maluca, se de médico e louco todo mundo tem um pouco, ela tem muito. Com dois diplomas imponentes na parede, hoje ela exerce com muito orgulho as funções de cozinheira sênior, arrumadeira plena e motorista júnior. Como está acostumada a ser eficiente, acaba ficando com bastante tempo pra pensar e planejar mais loucuras. Você pode acompanhar as aventuras da família no canal do youtube.


Tags:  Cinese menos é mais minimalismo

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Mariana Sá




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