Criança
Riso
Som
Carinho
Beijo
Pé no Chão
Brincadeira
Corda
Bola
Pipa
Roda
Pião
Sol
Chuva
Dia
Noite
Medo
Assombração
Cantiga
Abraço
Embalo
Aconchego
Sonho
Emoção
Nesta rima consumismo não tem lugar, não.
(Vanessa Anacleto)
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Queremos dar sempre o melhor para nossos filhos e o Dia das Crianças, tão esperado pelos pequenos, pela indústria e pelo comércio, é uma boa oportunidade para refletirmos sobre tudo aquilo de bom e de melhor que podemos oferecer às nossas crianças. É um bom momento para aprendermos a desconfiar daquele primeiro “eu quero” pronunciado efusivamente diante da televisão ou da prateleira das lojas de brinquedos.
Parece clichê, mas é fato que o de melhor que podemos dar aos nossos filhos não custa dinheiro, custa tempo e disponibilidade. Tempo com corpo, alma e coração presentes nos momentos com nossos filhos e disponibilidade para conhecê-los de verdade, assim como aos seus desejos. Nossa proposta é aproveitar o Dia das Crianças para pensar junto com as crianças sobre como diferenciar os nossos desejos genuínos e aqueles que são implantados pela publicidade.
A publicidade trabalha com sofisticadas pesquisas de mercado e age no nosso emocional focando as nossas vulnerabilidades. Raramente vemos um produto – para criança ou para adulto – que venda um atributo material: a publicidade atual vende atributos intangíveis, valores que muitas vezes correspondem às nossas lacunas pessoais. Então num anúncio de trem elétrico veremos a diversão da família sentada vivenciada no tapete da sala ao redor do brinquedo. E é isso que a criança quer: a diversão em família e não, necessariamente, o objeto anunciado.
O que está mais acessível? A vivência-brincadeira em família no chão da sala ou o objeto-brinquedo caro na prateleira da loja? Do que é mais fácil dispor? Tempo ou dinheiro?
Todo o marketing, todos os editoriais e todas as colunas de comportamento repetem que não temos tempo. E, acreditando que estamos sem tempo à nossa disposição, nos parece mais “fácil” trabalhar ainda mais para conseguir o dinheiro para comprar o objeto-brinquedo e satisfazer o suposto desejo da criança. E assim temos a tranquilidade de estar fazendo o melhor. Estamos mesmo?
É essa a proposta do Movimento Infância Livre de Consumismo para este Dia das Crianças: vamos trocar aquilo que está em qualquer prateleira pelo tempo de qualidade com nossos filhos. Vamos reduzir o número de objetos-brinquedo e vamos investir em vivências-brincadeira. Vamos ensinar às nossas crianças algo que mesmo nós, adultos, temos tido dificuldade de entender: que momentos vividos de corpo, alma e coração têm mais valor que os objetos promovidos na tevê.
E vamos aguçar os sentidos para perceber que estes momentos singulares e amorosos é que serão os que ficarão na memória dos pequenos para sempre!
A campanha cuidadosamente criada para vivermos um dia das crianças sem consumismo é resultado de uma colaboração afetiva de três profissionais da comunicação e do design:
Tudo começa com a criação do conceito “Dia das crianças sem consumismo. É de pequeno que se aprende” com Mila Bartilotti, que é redatora publicitária, compositora e – mesmo sem filhos – anda atenta às questões relacionadas à infância e comunicação e emprestou seu talento criando este conceito que leva em conta o protagonismo dos pais na educação das crianças para mídia e para o mercado.
Depois passamos a selecionar as imagens mais adequadas para cada um dos títulos. As lindas ilustrações foram cedidas por Lu Azevedo, ilustradora, radicada no Canadá, apaixonada pelo mundo infantil. Ela tem dois filhos pequenos que são a sua fonte de inspiração diária: “amo a inocência deles, a facilidade que eles têm de amar, criar, imaginar e confiar nas pessoas, e acho extremamente maldoso se aproveitarem de tantas qualidades a favor do consumismo.”
As lindas imagens selecionadas passaram para as mãos de Pedro Serravalle para a direção de arte: pai de dois filhos, designer, especializado em Branding, adora brincar ao ar livre com as crianças. “Ando ocupado em oferecer as melhores experiências para os meus filhos, e observar o ativismo pela infância me mobiliza a contribuir com a estética do movimento.” Desde a fundação do Movimento, em março de 2012, Pedro já presenteou o MILC com diversas campanhas caprichadas.
A poesia que abre este texto é de autoria de Vanessa Anacleto, co-fundadora do Movimento Infância Livre de Consumismo, escritora, blogueira, autora do livro Culpa de Mãe. Com o filho Ernesto, de 6 anos, descobriu o quanto a infância está desprotegida dos apelos da publicidade e resolveu lutar.
Toda a ação para o Dia das Crianças foi planejada por Mariana Sá, também co-fundadora do Movimento Infância Livre de Consumismo e autora do blog viciados em colo. Como publicitária de profissão resolveu, assim que se tornou mãe de Alice e Arthur resolveu que não permitiria que os filhos fossem assediados pela propaganda: “felizmente, encontrei pessoas com a mesma reflexão e percebi que podia fazer muito mais que desligar a tevê”.
Agora é aguardar para ver o que vem pela frente…
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Tags: #publicidadeinfantil campanhas do MILC consumismo consumismo infantil Dia das Crianças

9 Comments
Na minha casa nunca teve dia dos pães, das mães ou das crianças. Meus pais explicavam que era uma comemoração inventada pela indústria capitalista para nos fazer comprar mais coisas. Agora fazemos o mesmo aqui em casa. Mas as vezes penso que comemorar, sem presentes, não seria de todo ruim…
Parabéns pelo site e pelo texto! Excelente! É exatamente isso que eu penso, e que quero passar para os meu pequenos. É dificil lidar contra a maré, uma vez que todos os parentes pensam diferente… mas a nossa parte estamos fazendo, oferecendo uma infância sem consumismo.
[…] Clique para saber sobre as feiras de troca de brinquedos Para saber sobre o Movimento Infância Livre de Consumismo e acompanhar a campanha do Dia das Crianças: Para ler o texto e a poesia de lançamento da campanha […]
Bom, eu não tenho filhos e, penso que é muito errado ficar alimentando o comercio, que alias está cada ano mais caro nessa época do ano. Assim como eu acho errado alimentar qualquer data comercial, eu mesma não comemoro nenhuma, só o meu aniversário e olhe lá. Quero me casasr com alguém assim, e vou ensinar aos meus filhos que felicidade não é ter TODOS os brinquedos que são anunciados pela TV, ou os mesmos brinquedos que os coleguinhas da escola tem também. Sei que é dificil explicar para uma criança pequena que é impossível dar a ela TUDO que a tv oferece, até porque criança pequena nem sabe ao certo o que é felicidade, ela vai ficar contente com o novo brinquedo e, horas depois nem lembrará mais dele,e os pais coitados, acham que isso é bom, acham normal que o filho brinque bastante/até cansar e depois não queira mas saber do novo brinquedo. Não isso certo, não concordo com esse tipo de “ensinamento” aos filhos. Isso ao meu ver, só faz com que a criança se torne uma criança birrenta e posteriormente na maioria dos casos um adolescente mimado e futuramente um adulto prepotente que não sabe viver em sociedade.
Olá, adoro as propostas de vocês, mas me sinto intimamente incomodada com as propostas das imagens de vocês, serem amplamente relacionadas à mãe como única responsável pela educação dos filhos.
O machismo é um dos grandes impulsionadores para o consumismo.
Por exemplo.
Mulheres que vivem em uma realidade doméstica machista, ao se verem sobrecarregadas de tarefas, além das que dizem respeito ao seu trabalho profissional, acabam consumindo mais, e coisas menos saudáveis. Aquelas que dividem igualitariamente a educação dos filhos e das tarefas domésticas, acabam tendo em seu lar um ambiente com mais diversidade de alimentos e atividades. Por favor, mudem as propostas das imagens.
Sem contar que muitas mulheres acatam ao machismo para terem o contato de consumir mais a imagem De Mulher. E logo, de filhxs.
Karise,
compartilhamos da sua preocupação e estamos sempre atentas a estas questões.
Pais aqui têm um espaço mais do que aberto. Se você fizer uma busca no blog vai perceber uma crescente de textos masculinos lá.
As imagens da campanha do dia das crianças foram cedidas por uma ilustradora. É arte e fala da relação dela com os filhos e da relação das pessoas próximas a ela. Até fizemos questão de ter uma imagem de pai e ela entendeu e fez uma imagem especial para a série com este fim de tentar representar um ideal de infância.
No entando, não podemos escamotear uma realidade: as mulheres são (infelizmente) as mais presentes na página – tanto nos bastidores, quanto nos debates – e são as protagonistas da infância, seja na esfera doméstica, ou na pública (escolas, assistências diversas).
Por isso damos prioridades às mães em todas as falas e colocamos sempre a palavra ‘pai’ para deixar claro que não estamos generalizando pelo feminino (seria normal generalizar pelo masculino e dizer que somos pais).
Enfim, queria muito te agradecer pelo comentário e dizer que estamos cientes desta necessidade de colocar o PAI (homem) em pauta, de reafirmar o seu papel dentro da família e na sociedade no que diz respeito à infância, mas te peço que entenda as nossas possibilidades e os nossos limites.
Ficaremos felizes por demais se você escrever ou produzir algum conteúdo para nós contendo esta reflexão.
Obrigada!
Mariana
…é com o maior prazer que divulgamos e aderimos a vossa campanha!
http://www.blogdailha.org/itaparica/09/10/2013/11713/
Nossa filha Mel , nascida aqui em casa, com 5 anos já tem o bom hábito de tirar o som da TV quando aparece a publicidade. Simples!
Temos sim que pressionar para aprovar o PL 5921/01 e proteger as crianças de hoje, os adultos de amanhã, dessa invasão absurda e abusiva de publicidade sem controle.
Vamos juntos!
[…] gestando afetivamente uma série de imagens, concebidas por artistas amorosos e competentes, uma campanha por um dia das crianças sem consumismo nasceu. Nasceu com amor e foi acolhida por todos aqueles para quem foi criada. Números grandes, […]