legislação / 7 de julho de 2014

Propaganda infantil: uma coluna, um debate

Edição de debates por Mariana Sá1 

Na semana passada, no dia 2/7/14 um colunista da Folha, filósofo, pai e afetado pela publicidade dirigida à criança deu a opinião sobre o tema.

Primeiro leiamos:

helio2-7

 

“Ele começou bem: ele vive na pele a questão do consumismo entre crianças, e se teria se beneficiado da resolução, se ela tivesse vindo 12 anos atrás e fosse respeitada.” Silvia Dussel Schiros2 

“Argumentos fracos o dessa coluna, porque a mesma Constituição que ela cita também fala de que o Estado deve proteger a criança: ‘Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.’ Isso pra não falar no que o ECA e o CDC dizem a respeito também, focando comunicação ou, especificamente, publicidade.” Ana Paula Bragalia3 

“A luta não é por mais tranquilidade aos pais e uns tostões a mais no bolso. a luta é pela saúde da criança. O colunista abre mão dos “possíveis benefícios da proibição” na perspectiva dos adultos, dos pais. Ele não faz a leitura deles na perspectiva da criança, do ser em desenvolvimento…” Carol Pasquali4 

“E o argumento final que é pior…não se trata de liberdade de expressão x sossego e trocados na carteira dos pais. O que estamos discutindo é proteção da infância (em termos éticos e de saúde) X trocados bem altos nas carteiras dos anunciantes. Bom eu, quando conheci a causa da publicidade infantil, também tinha dúvida em relação ao tema ‘liberdade de expressão’, porque tenho horror a censura, então eu acho que essa visão do colunista – ou de qualquer opositor – pode ser mudada (caso ele deseje conversar e conhecer mais a fundo as evidência científicas sobre prejuízos à infância).” Renata Kotscho Velloso5

Hélio é bem-vindo para contribuir mais com este necessário debate sobre legislação brasileira e liberdade de expressão: a liberdade de anunciar para crianças deve mesmo prevalecer sobre o direito à infância?

Imagem: bank-bank / Fotolia.com | print da tela da Folha

1 Mariana é mãe de dois, publicitária e mestre em políticas públicas. É autora do blog materno viciados em colo e é cofundadora do Milc. Mariana faz regulação de publicidade em casa desde que a mais velha nasceu e acredita que um país sério deve priorizar a infância, o que – entre outras coisas – significa disciplinar o mercado em relação aos direitos das crianças.viciadosemcolo.com

2 Silvia é mãe de duas. Formada em Letras, é tradutora profissional há mais de 20 anos. É cofundadora do Milc: “estreou” no ativismo por um mundo melhor através do trabalho com proteção animal. Circula também pelas áreas de ativismo ambiental, humanização do parto e amamentação. Seu maior desejo é que seu ativismo torne-se totalmente desnecessário para poder descansar de pernas pro ar nas horas vagas. Para conhecer melhor seu trabalho, entre em contato por email: silvia.milc@gmail.com.

3 Ana Paula é Professora do departamento de Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense – UFF (IACS), nos cursos de graduação em Comunicação Social e pós-graduação (Stricto Sensu – Mestrado) em Mídia e Cotidiano (Programa de Pós-Graduação em Mídia e Cotidiano – PPGMC). Pesquisadora focada principalmente na questão ética da publicidade e do marketing em geral e em estudos críticos de consumo. Doutora em Psicologia Social pela UERJ (2009). Realizou estágio de doutoramento pela PDEE/CAPES em Madri/Espanha (2008). Mestre em Comunicação Social pela UERJ (2004). Especialista em Marketing Empresarial pela UFPR (2001). Graduada em Comunicação – Publicidade & Propaganda pela UFPR (1998). Autora de dissertação e tese relacionadas à ética publicitária. Trabalhou em agências de publicidade como redatora, e em indústrias e hospitais como profissional de marketing e comunicação. Integrante do grupo de pesquisa Subjetividade, narrativas e imagens (UERJ) e do Lapa – Laboratório de Pesquisas Aplicadas, do PPGMC/UFF. Natural de Santa Catarina, atua como professora universitária na cidade do Rio de Janeiro desde 2002.

4 Carol é mãe da Clara e da Joana, jornalista, pós-graduada em gestão de veículos de comunicação e atualmente coordena as áreas de comunicação e mobilização do Instituto Alana.

5 Renata é médica, mãe e maluca não necessariamente nessa ordem. Mora em San Francisco na California com o marido e suas 3 filhas. É autora do Bulle de Beaute dando dicas de beleza e saúde baseadas na ciência. Quem quiser acompanhar as viagens da família pode assinar o canal do youtube Home Sweet World


Tags:  #publicidadeinfantil publicidade infantil coluna Conanda leitura leitura crítica resolução 163

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Mariana Sá




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