criança e mídia / 4 de dezembro de 2014

Redes sociais e infância

Texto especial para o Milc de Alexandre San Galo*

Sobre o assunto do Instagram sendo usado por crianças quase adolescentes: acredito em viver o nosso tempo. Isso não é fácil, mas não sei se foi mais fácil para meus pais. Acho que a natureza estabelece desafios proporcionais. O homem certamente desequilibra essa equação, mas só no curto prazo. No longo prazo a natureza se equilibra. Se isso é verdade, a conectividade, a integração é mais do que uma moda e devemos ter cuidado quando analisamos essa questão. Como esse movimento tecno-social se deu em nossa geração e é um fato, se queremos lidar com ele e com todo o seu alcance precisamos estudar o assunto em profundidade.

Existem consequências de participar do movimento e consequências em ficar fora. Como estabelecer um norte? Talvez seja simples. Será que o caminho não é se preocupar menos com as “ferramentas”, com os meios e mais com estratégias para formação de bons valores? Se temos disposição de pensar nossos negócios, nossa atuação profissional, então, quanta disposição merece esse assunto? Com os valores corretos nossos filhos podem estar diante de qualquer situação e saberão decidir em redes sociais e em sociedade.

Consolidar valores não é fácil porque competimos pela atenção, pela cumplicidade e confiança dos nossos filhos. Não é fácil porque as vezes se consegue atenção mas não há uma mensagem. Ainda competimos com a TV, competimos com o Instagram, com o Snapchat, com o Facebook, Youtube e vão surgir mais. Isso tudo está a disposição deles 24horas/7dias por semana. Não há a menor condição de competir via quantidade de tempo.

Mas garanto uma coisa, a coisa mais interessante da vida ainda é gente. E gente ao vivo. Se conseguirmos ser interessantes para nossos filhos eles vão parar para ouvir o nosso discurso e vão pensar sobre nossa proposta de vida, do mundo. Nossos filhos precisam ser educados no Instagram, no trânsito, no facebook. Precisam defender o respeito mútuo, a paz, a integridade, a ética. Precisam entender que o legado para os filhos deles é mais importante que a sua própria vida. Precisam exercer habilmente a democracia. Precisam aprender a discordar. Saber ganhar e saber perder. Se divertir, de preferência muito. Preservar. Preservar tudo, pessoas, amizades e coisas.

Isso vale para o mundo online e offline. Eu leio muitos relatos de falta de educação no Facebook, vejo comportamentos absurdos todos os dias nas ruas, no trânsito e sempre me lembro que esses adultos mal educados, teimosos, estressados e orgulhosos de seu próprio pragmatismo cheio de verdades superficiais um dia receberam informação, educação e exemplo dos seus pais #sqn.

Imagem web

(*) Alexandre, é pais de três, estudou administração, trabalha hoje com marketing mas usa micro-computadores desde o primeiro lançamento da Apple lá no início dos anos 80, quando tinha 14 anos. Adora filosofia, tecnologia e sua família mais do que tudo.


Tags:  conectividade educação redes sociais telas

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Mariana Sá




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