texto de Ceila Santos*
Você realmente acredita que pode fazer diferença no balanço de uma empresa que só de lucro soma US$ 2,85 bilhões? Eu não acredito. Mesmo que milhares de mães deixem de comprar a pomada, ainda assim não faremos nem cócegas no resultado da P&G. Mas, então, de que adianta boicotar o hipoglós?
Adianta e muito. Repito: não faremos diferença nenhuma nos bilhões que a P&G lucrará em 2013 ou 2014, mas eu e você podemos revolucionar algo muito mais valioso ao boicotar o hipoglós nas redes sociais, além (é claro) do consumo na vida offline. Nós podemos mudar o significado da marca. E isso também gera bilhões, mas não tão imediato nem tão perceptível.
Por isso, o boicote precisa ser consciente. Eu diria até que precisa de uma terapia coletiva pra dar certo. Você pode nunca ter usado a pomada nos seus filhos, mas com certeza ela já fez parte da sua vida. Motivo? A marca existe há 73 anos. Isso explica porque até nossas bisavós falam da pomada.
Não tem jeito: temos vínculo com a marca. Ou hipoglós não seria o segundo produto mais vendido em farmácias e drogarias do Brasil como foi em 2004. Acredito que o boicote ao hipoglós exige de nós a limpeza desse vínculo, #comofaz? Não façamos mais como nossas mães, avós ou bisavós, que falavam do produto. Falamos da atitude da marca.
Boicotar o hipoglós é transformar vínculo, confiança, segurança e proteção em Risco, Desrespeito, Indignação e Ganância. Não é fácil transformar esses valores. Por isso, convocamos você com seu blog, facebook e twitter: vamos metamorfosear as frases do hipoglós? Eu não sou boa em fazer isso, mas sei que existe mãe expert nesta seara.
Pense nas crianças confinadas do programa e na proteção da pele do bebê, dá pra sair título de post ou viral na rede? Enfim, acho que o boicote ao hipoglós passa por aí, pela mensagem do produto, pela associação de valores no ato do consumo.
O lado fácil deste boicote é que a P&G contribui muito para essa mudança. Eu não conheço a empresa, mas dois fatos bastam para retratá-la como gananciosa: ela é uma das que disputam o primeiro lugar do mundo, corta gente pra lucrar mais e investe em vender sonhos salvadores: avião com casa, carro e barras de ouro ou 100 mil reais para educar seu filho.
Não é de se espantar que uma empresa dessas, entre 1994 e 1999, foi alvo de denúncia no CADE pela prática de preços abusivos da pomada hipoglós que aumentou 146,98% no período. Talvez, naquela época não havia tanto creme para assaduras como hoje e bastava aumentar o preço para lucrar mais. Pelo jeito, hoje a coisa mudou. As promoções estão em alta, o que seria uma boa notícia se as estratégias não fossem tão desastrosas e absurdas como a Seleção Bebê Hipoglós.
Leia mais:
http://infancialivredeconsumismo.com/index.php/a-maternidade-no-chiqueirinho/
(*) Ceila Santos é mãe de duas meninas e blogueira co-autora do Desabafo de Mãe.
Tags: boicote Hipoglós P&G

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BEBÊ SEM HIPÓGLOS PODE SER MUITO MAIS FELIZ!
NÃO FICA TRANCADO EM UMA CASA E NEM É TRATADO COMO OBJETO.
FAÇA COMO EU…NÃO USE, NEM RECOMENDE!
A VIDA E A SAÚDE DO SEU BEBÊ PODEM SER MUITO MELHOR COM QUEM AMA ELE DE VERDADE….
Paulo, sem contar que a maioria dos bebês não precisa de creme para assaduras…Geralmente, é mais uma demanda criada sem necessidade…é raro bebê precisar da pomadinha.
Eu nao vi o programa e nao tenho tempo de ver porque trabalho muito para dar ao meu filho produtos de empresas idoenas como a Weleda, que so usam ingredientes naturais e nao testam em animais! Quer mais idoneidade que essa? Ou entao, como mencionado, o bom e velho amido de milho que e tao natural e faz o mesmo efeito!
Infelizmente, essas empresas investem muito em midia de massa que e o grande publico alvo. Mas se depender de mim, tanto P&G como Unilever como Nestlé irao a falencia em tempo recorde! #boicoteja!
Alias, as maes podem ter condicoes de sustentar seus filhos sem precisar expo-los ao ridiculo! E bota ridiculo nisso!
Gabriela, adorei a indicação do amido de milho pra quem não pode pagar pela welleda. Ou seja, boa opção tem para todos os bolsos
tb uso weleda, tanto na pomada como gel dental. não testam em animais, o produto é concentrado, empresa séria. temos alternativas, vamos buscá-las?!
temos muita força sim, vamos exercê-la.
Não mudamos o mundo, mas temos muito poder de mudar dentro de nossa casa e dando exemplo.
exemplo aos meu filhos, que os produtos que entram em casa, passam pelo nosso crivo. assim ensinamos a eles também!
Ana, exatamente isso. Eu acredito muito na mudança dentro de casa para mudar o mundo!
Não vejo o problema somente na pomada, mas sim no programa, pois a pomada tem seu uso e seu fim. Mas o programa com os bebes que não escolheram estar alí e como um meio de comunicação em massa, o que este programa oferece? Nada.
Muito negativo do ponto de vista educacional e humano.
Tatiana, mas só existe o programa porque alguém patrocina..E o sangue financeiro desta ideia, independente de quem a concebeu, foi da P&G. Precisamos focar nisso!
Acho que a idéia do programa pode ter sido infeliz, mas daí a crucificar a P&G, sem conhecer a empresa, como a própria autora afirma, é ir longe demais. Trabalhei na P&G por 7 anos, há 10 anos atrás. E posso dizer que é uma empresa ética, comprometida com boas práticas de negócios e publicidade. Já tentaram entrar em contato com a empresa e manifestar sua preocupação? Qual foi a resposta?
Denise, não é uma questão de crucificar a empresa, mas de responsabilizá-la pela parte que a cabe. O fato de ter ética ou adotar as boas práticas do mercado não a impediu de patrocinar uma ideia que fere os direitos das crianças e que promove o desmame em rede internacional.
Uma péssima idéia o programa, o confinamento de bebês e a profissional que falou sobre desmame. Eu não passo óxido de zinco no bumbum do meu bebê. Ainda sim, precisamos tomar cuidado ao falar que a empresa valoriza o desmame ou a família.
Vocês sabiam que a P&G é a empresa que mais incentiva a maternidade das funcionarias NO MUNDO? A opção de licença maternidade de 1 ano!!!!!!!!!! ou ainda trabalhar apenas meio período e em home office!
Os pais neste período também tem a sua licença paternidade e podem trabalhar em home office.
…..
Vamos ser justas nesta questão?
Não vejo nenhuma injustiça no fato de responsabilizar a P&G pelo patrocínio do programa. Sem dinheiro, nada existiria. Não basta só incentivar a licença maternidade é preciso ter coerência nas ações para tornar-se uma empresa que merece as atribuições de quem apóia a família.
[…] […]
Ótimo texto, Ceila. Vc foi na veia. Hj em dia não se vende mais produtos e sim valores. Isso tem acontece já faz um certo tempo, mas só os marketeiros sabiam. Agora, o consumidor está tomando consciência disso. Pouca gente ainda, mas o processo foi disparado e não tem volta. Não dá mais para fazer comprometimento social de fachada. Propaganda para anestesiado ver. O discurso não cola mais se não houver a prática em todas as atitudes da empresa. Acabou a leveza de se fazer comunicação de qq jeito visando apenas metas de venda. Ou se compromete e faz direito, calculando efeitos, impacto e responsabilidade ou vai se gastar muito mais consertando o estrago. #gameoverprocter.
YES! Tais, vamos boicotar os valores do hipoglós. Acabou a proteção, segurança e confiança. hipoglós é a pomada que prega o desmame, bebês confinados e açúcar na veia!