criança e mídia / 18 de março de 2013

Páscoa livre de consumismo

Texto de Anne Rammi*

O ovo de Páscoa é um emaranhado de combinações de tradições cristãs, judaicas e pagãs. Os ovos pintados coloridos eram distribuídos entre as pessoas em alguns povos do hemisfério norte para comemorar a passagem do inverno para a primavera. Esse costume antigo encontrou-se com a morte e ressurreição de Jesus Cristo que, por sua vez aconteceu na Páscoa Judaica (Pessach), outra comemoração com o mesmo sentido de passagem e libertação para um novo ciclo.

O coelho foi agregado depois, como símbolo de fertilidade.

Os ovos passaram a ser feitos de madeira, argila ou ouro. Até que, com a revolução industrial e surgimento de uma boa oportunidade de negócios, a indústria do chocolate passou a fabricar ovos. Cada vez mais atraentes, decorados com papéis multicoloridos e recheados com surpresas tentadoras.

Longe dos princípios tradicionais da Páscoa, o chocolate atende a demanda das indústrias, mas não tem ligação direta com os significados milenares das tradições pascais.

A comunicação publicitária então investiu na fantasia da fábrica misteriosa do coelhinho, assim como a fábrica misteriosa do bom velhinho, para gerar impulsos de consumo em especial nas crianças. Hoje já existem ovos de Páscoa que, vazios de nutrientes, são vendidos cheios de brinquedos, numa incoerente cultura para o significado real dessa época.

Mas não se desespere, não é preciso acabar com as fantasias infantis, o delicioso sabor do chocolate ou as tradições de doar e receber para celebrar uma Páscoa sem consumismo. Estas são algumas alternativas para fazer uma Páscoa cheia de sentido e respeito, um verdadeiro rito de passagem:

– Faça com as crianças receitas caseiras de chocolate, biscoitos ou bolos e distribua para seus amigos e familiares.

Pinte ovos de galinha invocando as tradições originais

– Use a história da Galinha Ruiva para ilustrar o plantio, colheita e moenda do trigo e finalize assando um belo pão para compartilhar com a família, como fez Jesus Cristo.

– Prefira comprar ovos de chocolate, caso não consiga resistir à tentação, de produtores locais, doceiras e artesãos. Assim, o dinheiro circula e chega às mãos das pessoas reais, de carne e osso, não apenas aos cofres das grandes corporações.

*Anne Rammi tem 33 anos, é paulista, paulistana e vegetariana aspirante. Mãe de Joaquim e Tomás, interessada em dar uma geral no mundo, antes que as crianças caiam nele. Artista plástica de formação e cri-cri por vocação, escreve o Super Duper e dá as caras no Mamatraca.


Tags:  #pascoalivre #pascoalivredeconsumismo Galinha Ruiva Jesus ovos pão Páscoa

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Mariana Sá




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