Texto especial para o Milc de Mariana Sá*
Constatações sobre os problemas da sociedade, da maternidade e da infância contemporâneas são sempre necessárias, bem como a proposição de solução seja pela via individual ou pela via coletiva. É isso o que fazemos aqui desde março de 2012: apontamos condutas inadequadas das empresas, problematizamos situações e demandamos políticas públicas que protejam nossas crianças, ao tempo que quebramos a cabeça para ir cuidando dos nossos filhos individualmente ou em pequenos grupos enquanto a regulação não vem.
Ainda temos que lidar com os aventureiros que, com suas campanhas emocionais e com com seus testemunhos de especialistas, tentam nos dizer que estamos erradas em querer mudanças na sociedade, na legislação e nas condutas dos anunciantes. Só faltam nos colocar no cantinho da disciplina ao afirmar que não sabemos educar nossos filhos, que perdemos o controle e que temos medo de dizer não. Repetem tanto isso, que muitas mães (e pais!) se sentem incapazes de educar e consomem ferozmente tutoriais e manuais de instruções de como lidar com os filhos.
Eu, não! Minhas colegas, não! Eu sei bem que é preciso educar-se para educar uma criança. Mas sei também que precisamos da sociedade como um todo. Precisamos que nossa rede de proteção coletiva funcione para que as crianças sejam protegidas e bem criadas.
Ainda somos minoria. Nossa voz tem um alcance limitado. Nosso poder de pressionar é muito menor que gostaríamos. Nossas estratégias de acolher as mães são atabalhoadas. São tantas questões difíceis de equacionar. São tantos dilemas no cotidiano da maternidade que tem uma hora que vigiar, problematizar e solucionar cansa. E cansamos várias vezes. Foram muitos os que desistiram no caminho. São muitas as vezes que pensamos em virar para o lado e seguir junto com a maioria: parar de constatar os problemas, de propor soluções e demandar legislações. Sim, cada uma de nós, em algum momento, pensou em desistir.
Mas tem algo em nós que nos move a continuar olhando para a nossa sociedade de frente. Tem algo em nós que nos impede de parar de fazer o que precisa ser feito, mesmo que canse, mesmo que a voz não chegue a todos, mesmo que não tenhamos como acolher todo mundo, mesmo que nosso poder de pressionar seja pequeno. Esta coisa que mora em nossas entranhas e torna inevitável o querer que a infância seja respeitada em sua plenitude é o amor a nossos filhos! É o desejo de que cada criança no mundo viva protegida e tenha a oportunidade de se sentir amada.
Abrimos esta conta no Instagram e ficamos sem saber direito o que fazer com ela. Um dia, nos encontramos presencialmente e tivemos um insight: nosso @infancialivre deveria ser uma coleção de imagens de uma #infancialivre. Nosso desejo é mostrar de uma maneira amorosa, lúdica e divertida um pouco do nosso sonho de infância. Nossa vontade é traduzir a liberdade que queremos para as nossas crianças serem apenas crianças. E é isso que estamos fazendo lá: respirando uma infância livre do mercado, da publicidade, do marketing, dos estereótipos, dos licenciados e dos rótulos.
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Você tem uma fotografia que simbolize o “ser criança”?
Sabe aquela imagem de criança sendo “apenas” criança?
Aquela instante que resume todos os desejos e sonhos que temos em relação a uma infância livre, protegida, rica e bela?
Quer fazer parte?
– Se seu perfil do Instagram ou do Twitter for público, marque suas imagens da infância com a hashtag #infancialivre
– Se seus perfis forem privadas, mande para nós via Mensagem Direta – DM ou Direct – para @infancialivre
E siga nosso perfil que acabou de nascer: http://instagram.com/infancialivre ~ nos encontramos lá!
(*) Mariana é mãe de dois, publicitária e mestre em políticas públicas. É autora do blog materno viciados em colo e é cofundadora do Milc. Mariana faz regulação de publicidade em casa desde que a mais velha nasceu e acredita que um país sério deve priorizar a infância, o que – entre outras coisas – significa disciplinar o mercado em relação aos direitos das crianças. viciadosemcolo.com
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