Texto especial para o Milc por Carol Guedes*
Meu primeiro contato com o filme Tarja Branca foi através desse trailer: http://youtu.be/dadvMzBqIdI. Logo que vi pensei: isso é maravilhoso, um filme que resgata a criança que existe em cada um de nós.
E é isso mesmo! Quero dizer, o filme é mais que isso, mas a sensação ao sair do cinema é uma necessidade absurda de pular corda, de pular amarelinha, elástico….de pegar minha filha e brincar até anoitecer e dormirmos cansadas de pé sujos de tanto correr descalças.
O filme deixa a gente mais bonita, mais remoçada, como diria minha avó…. Olhei para o lado e vi um menino aos prantos sendo amparado pela namorada…bonito de ver…à minha frente, três educadoras querendo colocar tudo em prática comentavam: É isso mesmo, mais tempo nos recreios!!! E eu vendo e ouvindo tudo isso fiquei feliz! O cinema tem essa função muitas vezes, de falar o que está engasgado, falar algo que é comum a todos nós, tem o poder da transformação. Como uma música que fala exatamente o que você quer falar, com as palavras que você escolheria, mas é música de Chico Buarque, no caso, de José Simão, Domingos Montagner, Wandi Doratiotto, Helder Vasconcellos, Alfredo Bello, Lydia Hortélio, Antonio Nóbrega.
Brincar é um dos atos mais ancestrais desenvolvidos pelo homem, tanto para se conhecer melhor quanto para se relacionar com o mundo. Mas o que essa prática tão primordial pode revelar sobre nós e sobre o mundo em que vivemos?
É por meio de reflexões de adultos de gerações, origens e profissões diferentes que o documentário “Tarja Branca – A revolução que faltava”, produzido pela Maria Farinha Filmes e dirigido por Cacau Rhoden, discorre com pluralidade sobre a ideia de “espírito lúdico”, fundamental à natureza humana, e como o homem contemporâneo se relaciona com esse seu lado tão essencial, ainda que negligenciado.
A partir do lúdico e do brincar, com registros de brincadeiras populares na cultura brasileira, o filme propõe uma reflexão diferente sobre a sisudez da vida adulta, o embrutecimento da vida nas cidades, a medicalização da vida frente a sentimentos como medo, depressão, ansiedade, e sobre a forma como a ocupação do tempo é entendida hoje (racional, na linha da “produtividade”).
O material tem muito em comum com a proposta de coletivos, grupos e instituições que têm ocupado a cidade de forma diferente, com outra proposta de relação entre pessoas e com o espaço público.
“Tarja Branca” levanta questões como: Cadê a minha criança? Em que momento estou presente brincando tão intensamente que até esqueço do próprio adulto que sou? Dessa maneira, o longa busca trazer à tona a ideia de que brincar é uma coisa séria, de que brincar é urgente.
A expressão “tarja branca”, definida no filme pelo artista plástico Hélio Leites como “um santo remédio”, é uma ironia aos medicamentos de “tarja preta”. Esse remédio seria o reencontro com a criança que mora dentro de todos nós, e, mais do que isso, a aceitação da presença e das manifestações do lúdico em nossas vidas adultas.
“Você tem que lembrar do menino que você foi, e perguntar: o que você fez de mim?”, afirma o poeta e escritor Marcelino Freire. “Tarja Branca” busca resgatar exatamente isso em seus espectadores.
Eu diria que é filme obrigatório! Mas obrigatório normalmente é uma palavra tão chata, que eu prefiro dizer: Assistam! Vale cada segundo!
E não por acaso, saí do cinema Itaú, na Augusta em São Paulo e dou de cara com uma manifestação que, de acordo com os jornais, começou de maneira pacífica, mas terminou bastante violenta.
Então, termino esse texto com a frase que escutei no filme: “Eu estou pela revolução que falta: a revolução das crianças.”
(*) Carol é atriz, fundadora do Quintal de Trocas e acredita que escolher e fazer o que ama é o primeiro passo para encontrar a sua criança.
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