adultização e erotização / destaque_home / 14 de fevereiro de 2017

Princesas x Roqueiras

Texto especial para o Milc de Mariana Sá*

“As meninas podem ser o que elas quiserem, inclusive princesas” é a frase que tenta encerrar o debate sobre a escolas de princesa e as iniciativas que se contrapõem a essa.

Porém a ideia do “ser princesa” vai muito além do rosa, das saias rodadas e das purpurinas: aliás, se fosse apenas isso, a ideologia do “ser princesa” seria inofensiva.

A questão é: o que significa ‘ser princesa‘ para as escolas de princesas?

E o que significa ‘ser roqueira‘, ser uma menina livre ou desprincesar-se para as oficinas em formatos diversos de que se proliferam Brasil afora?

As oficinas surgem justamente em oposição a estes espaços em que as meninas (apenas as meninas!) aprendem a se comportar “como princesas”? A escola de princesa ganhou destaque muito na mídia e que já foi bastante criticada pelo Milc e por outros movimentos exatamente por se aproveitar da fantasia e da imaginação das meninas para incutir conceitos que estereotipam as meninas e reduzem a sua potência criativa e suas possibilidades de felicidade e bem-estar.

A escola de princesas – de acordo com o que a sua idealizadora já disse em entrevistas – é um espaço onde a estética da fantasia de que significa ‘ser princesa’ disfarça uma a ética perniciosa quando reduze o papel e a função da mulher no mundo e na sociedade.

Me parece aceitável que uma menina goste de brilhos e babados (da mesma maneira que achamos aceitável o fato dela não gostar) e que as mães aceitem, respeitem e até que curtam junto. Mas a estética das purpurinas nas escolas de princesa disfarçam uma ética da subserviência e uma reprodução do machismo com zero criticidade ao sistema patriarcal que se mantém oprimindo e matando as mulheres.

Nos agrada mais as propostas que dizem às meninas que elas podem ser o que elas quiserem, mas que não precisam ser doces, bonitas e amáveis para que sejam aceitas, respeitadas e amadas. Não é questão de princesa ou roqueira apenas na estética, mas também sobre a ética e os valores que são transmitidos por trás de cada uma das imagens e mensagens.

*  *  *

Quatro iniciativas que incentivam o empoderamento de meninas:

 

Texto editado a partir de comentários e postagens no perfil do Milc no Facebook.

Imagem Kate T. Parker, idealizadora do projeto ‘Strong is the new Pretty‘, porque não é só no Brasil que estamos precisando mudar a maneira de criar meninas.

 

 (*) Mariana Sá é mãe de dois, publicitária e mestre em políticas públicas. É cofundadora do Milc e membro da Rebrinc. Mariana faz regulação de publicidade em casa desde que a mais velha nasceu e acredita que um país sério deve priorizar a infância, o que – entre outras coisas – significa disciplinar o mercado em relação aos direitos das crianças.


Tags:  #infancialivre #meninaslivres desprincesamento feminismo imaginário meninas livres princesas

Bookmark and Share




Previous Post
Pelo direito de brincar
Next Post
Ronald McDonald em hospitais



Movimento Infância Livre de Consumismo




You might also like






More Story
Pelo direito de brincar
Texto especial para o Milc de Vanessa Anacleto * Esses dias recebi a imagem abaixo no Facebook e ela me fez pensar um pouco....