O Movimento Infância Livre de Consumismo (MILC) é formado por mães, pais e cidadãos comprometidos com uma infância livre de comunicação mercadológica dirigida a crianças.
Ativo na Internet desde Março de 2012, o MILC defende o envolvimento de mães e pais no debate sobre a regulamentação da publicidade infantil atuando de forma vigilante, expondo ações de mídia que possam interferir no desenvolvimento da criança e fomentando o debate junto a pais e educadores sobre a relação entre mídia e infância.
O Milc concentra suas atividades principalmente no blog: milc.net.br , ao longo do tempo, conseguiu construir uma rede de quase 250 mil fãs no Facebook. Fora do ambiente online, o grupo tem presença pontual em eventos relacionados ao tema e frequentemente é convidado para debater em eventos sobre sustentabilidade, consumismo e publicidade infantil.
Inserido em um cenário onde o sistema é falho, a regulamentação é fraca e quase todo o poder se concentra na mão das empresas, a urgência da causa é cada vez mais transparente em campanhas publicitárias abusivas e mensagens distorcidas. As previsões para os próximos anos é de um agravamento generalizado do problema, impulsionado principalmente pelo potencial econômico desencadeado pelos grandes eventos Copa do Mundo e Olimpíadas, realizados no país em 2014 e 2016, respectivamente. Nesse contexto, cresce a necessidade de fortalecer o Movimento Infância Livre de Consumismo, preparando-o para um aumento considerável em volume, intensidade e ritmo de trabalho previsto nos próximos anos.
O MOVIMENTO INFÂNCIA LIVRE DE CONSUMISMO
VISÃO
O Movimento Infância Livre de Consumismo acredita em um mundo em que valores humanos estejam acima dos interesses das empresas.
MISSÃO
Nossa missão é levar informação e fomentar o debate sobre a influência das relações comerciais na educação das crianças, vigiando a atuação das empresas.
VALORES
Respeito à infância “o bem-estar da criança é prioridade.”
Transparência e Responsabilidade “visão crítica, compromisso com a informação e suas consequências.”
Pluralidade “respeito à diversidade de visões.”
Acolhimento “receptividade e compreensão: todo mundo é bem-vindo e bem recebido.”
OBJETIVO GERAL
Aumentar a compreensão da sociedade para as questões da publicidade e consumismo infantil, fortalecendo o movimento frente aos excessos das empresas.
PÚBLICO ALVO
Levando em conta a adequação e possibilidade de dispersão da mensagem, capacidade de produção e legitimidade do Movimento, o público-alvo prioritário do movimento são as mães e os pais. O MILC também irá se comunicar com potenciais financiadores, mas por meio de produção de projetos e reuniões, e não diretamente em seus canais de comunicação. Demais públicos serão tratados indireta e reativamente.
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FAQ
Como nasceu o movimento?
Este movimento nasceu em março de 2012 devido à indignação dos participantes do Grupo de Discussão Consumismo e Publicidade Infantil. Nessa época, alguns membros do grupo resolveram participar do debate proposto por uma campanha empreendida por uma associação da publicidade. Ao contrário do que seria de se esperar, rapidamente pudemos concluir que o verdadeiro intuito da campanha era culpabilizar exclusivamente os pais, colocando-os como únicos responsáveis por controlar a exposição de seus filhos às propagandas abusivas veiculadas atualmente. Assim, a campanha mostrou-se parcial, na medida em que defende a autorregulamentação e o “bom senso” dos anunciantes como os únicos controladores da publicidade infantil.
Em contrapartida, defendemos que, para cumprir nossa responsabilidade de educar nossos filhos para a cidadania e a sustentabilidade, precisamos do apoio do Estado e da responsabilização efetiva das empresas privadas, dos veículos de comunicação e das agências de publicidade. Diante do excesso de propagandas e do conteúdo manipulatório e inadequado que se apresentam diariamente na mídia direcionada às crianças, nós, mães e pais, não aceitamos assumir esta responsabilidade sozinhos.
O que defendemos?
Somos pessoas conscientes e atuantes, e não aceitamos que atribuam a nós a responsabilidade de ser o único filtro contra a forte influência da publicidade na formação de nossas crianças.
Este espaço abre um canal de diálogo verdadeiro com toda a sociedade na tentativa de encontrarmos um novo formato, incompatível com o modelo de autorregulamentação vigente.
Os publicitários e anunciantes argumentam que, se o consumismo infantil tem sido motivo de alarme, a culpa é dos pais que não controlam direito o que seus filhos assistem ou como eles compram. Os publicitários também defendem que as coisas permaneçam como estão e tentam evitar novas regras para o setor. Quem você acha que está verdadeiramente preocupado com a formação e o desenvolvimento de uma criança saudável: um grupo de publicitários e anunciantes ou um coletivo de mães e pais?
Está claro para nós que a infância precisa ser protegida da publicidade infantil, que causa prejuízos a toda a sociedade, e que a autorregulamentação não funciona. Sabemos disso, pois sentimos na pele que não temos a quem recorrer. Através de uma nova lei, estamos pedindo ao Estado que equilibre esta relação. O resultado final deve ser fruto do debate entre todas as partes interessadas, não apenas entre os detentores do poder e do capital. Nosso interesse é um projeto viável que que proteja de fato a infância e, para tanto, não desejamos ser representados por terceiros: queremos participar e ser representados por nossos pares.
Por que propaganda é prejudicial às crianças?
A publicidade dirigida ao público infantil é danosa porque pressiona as crianças a desejarem cada vez mais bens de consumo, associando-os a um discurso enganoso de alegria, felicidade e status social. Esses bens de consumo podem ser alimentícios, de vestuário, brinquedos ou até mesmo itens para adultos anunciados para as crianças, que tornam-se promotores de tais produtos, indicando-os aos pais. Além de trazer sofrimento às crianças que não podem adquirir esses bens devido à falta de recursos financeiros, essa pressão causa estresse familiar e não pode ser devidamente elaborada pelos pequenos, cujo senso crítico ainda está em desenvolvimento.
Publicidade dirigida a crianças é incompatível com o ideal de uma sociedade que preza o bem-estar de seus cidadãos. E não é à toa que em países como a Suécia ela é proibida. O marqueteiro, que estudou vários anos e em geral fez curso superior, é um especialista em psicologia infantil, estuda os hábitos, conhecendo profundamente os desejos e aspirações de seu público-alvo. Todo esse conhecimento tem como propósito derrubar as barreiras, filtros e principalmente a consciência crítica que define critérios para a compra de produtos. O que importa ao marqueteiro é obter o resultado esperado pelo anunciante: vender mais para mais gente. Para eles, o mercado infantil também representa a busca pela fidelização da marca pelas crianças desde a infância. Do outro lado, está a criança, geralmente solitária, indefesa e vulnerável, pois ainda não aprendeu as manhas do mundo adulto e acredita no que lhe é dito e mostrado. A disputa é covarde.
No Brasil, a televisão ainda tem um papel muito importante no cotidiano das famílias: além de servir como “babá eletrônica” para crianças de todas as classes sociais, nos lares menos favorecidos, ainda numerosos no país, há somente um cômodo ou dois, não deixando a possibilidade de “tirar os filhos da sala”, ainda que os pais estejam por perto. Assim, não podemos responsabilizar somente pais e mães que trabalham dentro ou fora de casa pelo conteúdo a que seus filhos assistem diariamente nem pelo efeito disso em seus comportamentos.
Além disso, estamos diante de um novo fato: pela primeira vez na história humana, se questiona a forma como estamos consumindo o planeta Terra. As crianças de hoje serão responsáveis pelo planeta de amanhã. Mas, ao invés de serem educadas para se tornarem cidadãs conscientes, elas estão sendo transformadas em consumidoras desde a mais tenra idade.
O excesso de propagandas e o conteúdo manipulatório delas incentiva o consumismo e dificulta a educação cidadã e sustentável que todos desejamos.
Como funciona no Brasil atualmente?
No Brasil, o próprio mercado publicitário regulamenta toda a publicidade mercadológica por meio do Conar, que estabelece as normas e julga os casos encaminhados por entidades representativas ou cidadãos comuns. Abusos também podem ser encaminhados ao Procon e ao Ministério Público, a depender da natureza do problema. Desde 2014, temos a Resolução 163 do Conanda que define o que é comunicação mercadológica dirigida à criança.
Como é no resto do mundo?
Existem diversas políticas diferentes no mundo quando o assunto é publicidade e infância. Vamos falar aqui sobre a abordagem de outros países. Acompanhe e participe dos debates.
Por que não estamos satisfeitos com a autorregulamentação em vigor atualmente no Brasil?
Quando alguém denuncia uma publicidade abusiva, o Conar avalia se a queixa é pertinente para só então sugerir mudanças ou tirá-la do ar. Quando a denúncia vai para análise, o que não é frequente, o processo pode levar algum tempo: geralmente meses se passam até que uma decisão seja tomada. Até lá, o comercial continua sendo transmitido. O Conar até hoje deu parecer sobre 7.500 anúncios. Em um universo de centenas de milhares de comerciais, muita coisa acaba passando despercebida e atinge nossos filhos. Além disso, os anunciantes patrocinam programas de baixo nível ou canais infantis com intervalos comerciais acima do permitido.
Como queremos que seja no Brasil?
Para garantirmos a proteção das crianças brasileiras contra o consumismo e a publicidade predatória:
a) queremos mais espaços de diálogo direto entre os pais/familiares e os governos e as agências reguladoras da publicidade infantil no que diz respeito à elaboração dos marcos regulatórios;
b) queremos regras mais claras que evitem a entrada da publicidade em espaços que são das crianças por excelência, como escolas e consultórios de pediatria;
c) queremos que os governos brasileiros participem ativamente dos debates internacionais acerca do tema e tragam para nossa experiência o que for relevante; e
d) queremos o fomento a mais pesquisas na área da educação e mídias que incluam também os pais como atores fundamentais nessa relação.
O que é autorregulamentação?
Autorregulamentação é um mecanismo de autodisciplina por meio do qual um setor da sociedade, através de seus representantes, concorda em estabelecer um conjunto de regras a fim de garantir qualidade, segurança e responsabilidade no que diz respeito a seus serviços e produtos. No caso da publicidade, os publicitários e os veículos de comunicação, representados por suas associações, atualmente ditam as regras às quais o setor deve se submeter, sendo também responsáveis pela fiscalização do seu cumprimento. Eles se autorregulam e, claro, diante dos interesses financeiros envolvidos, a eficácia dessa regulamentação deixa muito a desejar em termos de fiscalização, cumprimento e penalização das possíveis infrações.
Como posso participar?
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