Um dos principais argumentos apresentados no blog da Abap é de que a publicidade no Brasil já é regulamentada pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar). Mas antes de acreditar que essa entidade possa ser séria, idônea, respeitosa e responsável, vamos ver quem são as pessoas que estão regulando as publicidades veiculadas. E não podemos esquecer do parecer apresentado pelo V. Ex.ª Enio Rodrigues, que é relator do Conar, tão dedicado à responsabilidade e ética na comunicação: Conar demonstra sua falta de responsabilidade para lidar com a ética em parecer sobre denúncia feita pelo Instituto Alana.
Todas as informações foram obtidas no site do Conar. Todas as informações sublinhadas descriminam agências de publicidade, canais de comunicação, anunciantes ou entidades que defendem os interesses de ambas.
- Presidente: Gilberto C. Leifert – Diretor da Central Globo de Relações com o Mercado. Foi diretor da MPM Propaganda e da agência de relações governamentais Semprel.
- 1º Vice-Presidente: Geraldo Alonso Filho – Responsável pela vinda da Publicis ao país, sendo seu Latin America Regional Chairman. Tem larga atuação nas entidades representativas das agências de publicidade, seja na Abap, seja na ABMRA e também no Cenp e ESPM.
- 2º Vice-Presidente: Eduardo Bernstein – Diretor de Marketing na BRF para Carnes e Margarinas, responsável pelas marcas Sadia e Perdigão. Atuou na Procter & Gamble como Gerente de Marketing de produtos OTC no Brasil, América Latina e Europa. Atuou também na Telefônica do Brasil, como Diretor de Marketing de clientes residenciais. Foi vice-presidente da ABA entre 2008 e 2012 e atualmente faz parte do Conselho dessa associação. Também é membro do Conselho Diretor do Instituto Verificador de Circulação, IVC.
- 3º Vice-Presidente: Antonio Carlos de Moura – Diretor-executivo Comercial da Folha de S.Paulo, onde trabalha desde 1982, sendo o responsável pela área de comercialização publicitária de todos os jornais do grupo e também do UOL, à frente de uma equipe de 250 pessoas. Moura tem atuação marcante também noCenp, entidade da qual é um dos fundadores.
- VP Executivo: Edney G. Narchi – Ocupou a diretoria da Assessoria de Relações Governamentais da Federação do Comércio do Estado de São Paulo.
- Diretor de Assuntos Legais: João Luiz Faria Netto – Na Rede Globo, foi assessor da Superintendência Comercial e da Presidência e mais tarde responsável pela área jurídica da emissora. Foi diretor executivo daAssociação Nacional de Jornais.
- Diretor: Fernando Portela – Em 1989, criou e dirigiu a gerência de Comunicação da Fiat do Brasil, holding do grupo no País, voltando depois para o Grupo Estado, onde se tornou diretor adjunto do Jornal da Tarde, cargo que ocupou até meados de 2005, quando fundou a Loqüi Editora. Lá, cuida da coleção Repórter Especial em parceria com outras editoras.
- Diretor: Dorian Taterka – É presidente da Taterka Comunicações e proprietário da TVC – Televisão e Cinema Ltda.
Ainda temos o Conselho Superior, que é formado por:
- ABA – Associação Brasileira de Anunciantes
- ABERT – Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão
- ANER – Associação Nacional de Editores de Revistas
- ANJ – Associação Nacional de Jornais
- ABAP – Associação Brasileira de Agências de Publicidade
- CENTRAL DE OUTDOOR
No conselho de ética da entidade, apenas 19 pessoas representam a sociedade civil, dentre eles, seis jornalistas, três advogados e apenas um médico, enquanto as outras 136 pessoas representam anunciantes ou veículos de comunicação.
- 33 – Representantes da Associação Brasileira de Anunciantes
- 16 – Representantes da Associação Brasileira de Agências de Publicidade
- 17 – Representantes da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão
- 13 – Representantes da Associação Nacional de Editores de Revistas
- 16 – Representantes da Associação Nacional de Jornais
- 3 – Representantes da Central de Outdoor
- 14 – Representantes das Associações de Propaganda
- 5 – Televisão por Assinatura
- 4 – Mídia Interativa
- 4 – Mídia Cinema
- 11 – Representantes dos Profissionais de Criação
Como vocês podem ver, a diversidade de profissionais e opiniões não é o forte dessa instituição. Quando alguém afirmar que o Conar cumpre seu papel de “Impedir que a publicidade enganosa ou abusiva cause constrangimento ao consumidor ou a empresas“, pense duas vezes. Lembrando que a grande maioria dos 7.500 casos julgados pelo Conar são de “constrangimento de empresas“, ou seja, marca falando mau da concorrente. Poucos casos colocam a questão dos valores em pauta, consumismo nem é um ponto relevante nas análises.
Resumindo todas as informações acima, quero dizer que o Conar realmente faz um trabalho fantástico na proteção dos interesses das empresas e anunciantes, mas ainda está muito, mas muuuuuito longe de ser uma entidade responsável para com os interesses da sociedade.
(colaboração: Túlio Malaspina)
Post atualizado em 24/09/2013 ( Cargos de Diretoria)