Texto de Ana Júlia Portela*
Não entendo essas mães que reclamam da publicidade infantil. Criam fan page nas redes sociais, exigem leis que protejam a infância, cobram uma atitude do Conar e ficam enchendo o saco dos publicitários. Será que elas ainda não se deram conta de que há um caminho mais fácil? Até Maria Antonieta já sabia disso há duzentos e tantos anos.
Não gostam, não usem. Acham a tarifa de luz cara? Peçam pra cancelar o serviço. O transporte público é ruim? Vão pro trabalho a pé. Estão cansadas de esperar na fila do SUS? Parem de adoecer. Maria Antonieta, minha querida, quanta sabedoria por debaixo do vosso régio topete!
Viram como é simples? Se desdenham do pão, comam brioche, suas reclamonas! Sempre há uma segunda opção.
“Então quer dizer que, se desligarmos a TV, a publicidade infantil vai parar de se aproveitar da ingenuidade das crianças?”
Sim, mas isso só se aplica às crianças cujos pais desligarem a TV.
“E as outras crianças? Que se danem?”
Mas que raio de mania é essa de se preocuparem com as outras crianças! Cuidem dos seus filhos, vão pra casa e façam ativismo de sofá, de preferência sem se levantar do sofá.
“Acontece que o marketing infantil não está só na TV. Está em quase tudo: internet, gibi, outdoor, panfletos. Tudo contaminado.”
Mas vocês têm opção: desliguem a internet, o outdoor, os gibis. E, sobretudo, desliguem a TV.
“Mas se todas as mães desligarem a TV, não vai ser ruim para os publicitários? As crianças não veriam mais a publicidade dirigida a elas…”
Exato. A publicidade infantil iria acabar, porque os anunciantes não teriam retorno.
“Então por que os publicitários nos mandam desligar a TV?”
Ei, você não levou a sério esse papo de comer brioche, levou?
*Ana Julia Portela é mãe, professora, violoncelista, estilista, pós-graduada em Psicomotricidade pela PUC-Minas e autora do blog Ensine seu filho.
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