Texto de Aldo Masini*
– Pai. Fala que não é pra mãe ir no jogo de queimada da minha irmã? Por favor pai, não deixa ela ir.
– Como assim, Juninho?
– É, pai, não quero que ela vá jogar queimada na escola com a Rosaninha.
– Mas que mazela é essa agora filho? No Dia dos Pais eu não fui jogar futebol na escola com você, seus amigos e os pais deles?
– Foi.
– Então, querido. Agora é Dia das Mães e a escola faz a mesma homenagem às mães com o jogo de queimada de mães e filhas.
– Mas eu não quero que a minha mãe vá nesse.
– Está com ciúme da sua irmã, né?
– Não é nada disso, pai. Só não quero.
– Até onde me lembro, no ano passado você não criou caso. Ao contrário, me lembro de você torcendo pelo time delas e até ajudou a consolar sua irmã dizendo que este ano elas ganhariam.
– Ano passado eu tinha só sete anos, agora estou mais velho. Não deixa pai, por favor.
– Mas por que você está implicando com isso agora?
– Eu fico com vergonha.
– Que bobagem, filho. É só um jogo. Perder ou ganhar faz parte da brincadeira.
– Mas os meninos ficam me enchendo o saco depois.
– Ah, então é isso. Você ficou bravo porque fizeram gozação.
– É.
– Bobagem, querido, as outras mães eram tão ruins de queimada quanto a sua.
– A mãe não é ruim de queimada, ela joga até muito bem.
– Ah, é? Então o que te incomoda?
– Me incomodam os meninos do quinto ano falando que minha mãe tem o sorriso mais bonito, o perfume mais cheiroso e as pernas mais gostosas.
Feliz Dia das Mães.
Porque a beleza de vocês é de outra ordem.
Vai muito além do sorriso, do perfume ou das pernas.
Imagem de Luciana Azevedo
*Aldo Masini é funcionário público em São Paulo capital, tem especialização em Gestão Ambiental e Educação, é tio de três sobrinhos que constantemente lhe ensinam caminhos mais bonitos e se aproximou do MILC por ser um cara preocupado com nossa relação com o consumismo e a forma danosa com que isso invadiu o mundo de crianças e jovens. Escreve no blog My Thoughts.
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