*Texto de Renata Kotscho Velloso, publicado originalmente no blog Cinese
Sou casada, tenho 3 filhas, moro em uma casa no subúrbio de quatro dormitórios, temos 2 carros na garagem e sim, me considero minimalista. O legal do minimalismo é isso: cada um faz o seu.
Quando a gente começa, normalmente vamos pelas coisas. Destralhamos nossa casa, pensamos mil vezes se precisamos mesmo de algo antes de consumir, fazemos escolhas conscientes, limpamos a vida de tudo que é desnecessário para podermos focar no que é mais importante para nós.
É aí que a gente percebe que a quantidade de coisas que possuímos é a menor parte. Seria meio contraditório mesmo que um movimento que prega que coisas não são importantes estivesse baseado apenas na quantidade de bens que cada um possui. Então a resposta é, sim, você pode ser minimalista tendo uma casa grande, assim como pode ser minimalista conseguindo colocar tudo o que você possui dentro de uma mochila. Essa falta de regras é que traz a beleza dessa filosofia de vida.
Porque o minimalismo é isso: uma filosofia de vida, não uma competição para ver quem consegue viver com menos, o que seria totalmente tosco.
Ser minimalista, para mim, é viver intencionalmente, focando decisões e energia nas paixões e deixando de lado tudo o que não interessa, o que não ajuda. Não só coisas. Coisas são o de menos.
Depois que doei mais de metade das coisas que atravancavam a minha cozinha, grande parte dos meus livros, todos os meus CDs (e por aí vai), abri um espaço para que eu pudesse pensar com mais clareza e começasse a descartar tudo o que não servia: leituras que não acrescentavam, programas de TV, relacionamentos, eventos. Hoje, tudo o que tira o foco do que eu realmente quero para a minha vida coloco no mesmo tipo de caixa que os sapatos apertados que eu nunca vou usar.
Deixei de ir a festas só porque achava que isso era socialmente desejável, não mais permiti que aquela indireta no facebook estragasse o meu dia, deixei de me interessar pelas pessoas que são fotografadas na praia só para sair na capa dos portais de notícia, aprendi a dizer não para tudo o que não me agrega.
Destralhar nossa mente e as nossas ações é ainda mais importante do que destralhar nossa casa. E é mais difícil também. Se desconectar de uma pessoa que não te faz bem é bem mais difícil do que fazer uma limpeza no guarda roupa. E talvez mais necessário.
Para mim, minimalismo é isso. Escolher bem com quem e a que vamos dedicar a nossa vida. Talvez seja uma filosofia um bocado egoísta. Mas é real. Só quando estamos felizes conseguimos nos entregar, ser úteis socialmente.
E o mundo precisa de mais protagonistas se entregando e menos figurantes fazendo numero.
*Renata já se acostumou ser chamada de maluca, se de médico e louco todo mundo tem um pouco, ela tem muito. Com dois diplomas imponentes na parede, hoje ela exerce com muito orgulho as funções de cozinheira sênior, arrumadeira plena e motorista júnior. Como está acostumada a ser eficiente, acaba ficando com bastante tempo pra pensar e planejar mais loucuras. Você pode acompanhar as aventuras da família no canal do youtube.
Tags: Cinese menos é mais minimalismo

6 Comments
Eu me condiero adepta da vida simples e minimalista.estou começando a sair do estágio de destralhar as coisas e começando a fazee mudanças mais duradourss e profundas… e essa é a melhor parte do minimalismo. Eu moro em uma cara com 3 quartos e somos somente um casal dentro dela. Temos livros aos montes, temos dois carros (e pretendemos manter assim por muitos anos) e gostamos de uma estética que está longe de ser clean…. muita coisa mudou em nossa vida. Hoje acabamos de almoçar e estamos aqui, lendo, escutando jazz e eu comentando aqui. Acabamos de fazer nosso almoço do zero, tomamos um vinho, conversamos por umas 2 horas e sinceramente somos muito, muito felizes mesmo. Só espero poder viver assim pelo máximo de tempo que a vida me permitir. Realmente o que me faz feliz é estar em paz, perto das minhas plantas, bichos e das pessoas que amo. Gostaria que todas as pessoas ss sentissem assim….
Adorei a sua reflexão e concordo plenamente com você. Pra mim, o minimalismo é focar nas coisas que realmente importa. Isso inclui me desfazer de coisas, bem como comprar coisas novas e que são uteis. 🙂
Abraço!
Hoje me deparei com o assunto minimalismo na internet e parei aqui no seu site que pensamento mais concreto e total coerência… Simplesmente perfeito!
[…] Wikipédia, Tumblr e achei o post nesse site […]
Possuir coisas não chega a ser um problema.
O problema ocorre quando as coisas começam a te possuir, aí vira escravidão…
Muito boa sua reflexão!
Acho importante o amplo entendimento da expressão! Comigo, sempre fez muita diferença.
Até as próximas!