legislação / 8 de agosto de 2014

Milc na moral

Texto especial para o Milc de Mariana Sá*

Na terça passada, uma das nossas cofundadoras foi indicada um porta-voz do Milc para fazer uma participação no programa Na Moral. A pauta seria o consumismo e a nova norma que veda o direcionamento de publicidade à criança, a resolução 163 do Conselho Nacional da Criança e do Adolescente. Ela foi mesmo sabendo que o formato do programa não permitiria aprofundar este necessário debate, porque um espaço na maior rede de comunicação do Brasil é algo que não se pode recusar.

Quando eu soube que além dos representantes do Instituto Alana e do Milc, iriam participar a nova diretora executiva da Mauricio de Sousa Produções, Monica de Sousa, e um pai blogueiro que não apoia a nova norma, imaginei que estávamos correndo um risco enorme de ver as nossas opiniões serem engolidas pela edição. Por isso nos focamos na preparação: estudamos o programa, revimos os nossos argumentos e apoiamos com todo amor e afeto a nossa representante escolhida criteriosamente para ir, Ana Claudia Bessa.

O programa foi gravado há sete dias e quando Ana Claudia chegou da gravação, compartilhou com as mães do Milc um sentimento pouco esperançoso em relação ao resultado. Ponderou que com aquela linguagem própria do programa ficaria muito difícil passar para o público do programa um panorama mesmo que básico da questão.

Mesmo com um gosto amargo na boca, Ana não se arrependeu de ter passado a tarde inteira dentro de um estúdio: para ela e para nós, mães interessadas em ver este debate alcançar a sociedade, a participação de uma mãe num programa da maior rede de televisão do país representa uma brecha para que o avanço. Algo a ser muito comemorado.

Ontem, nos unimos para assistir juntas ao programa e percebemos que nenhuma linguagem, produção, direção, mediação e edição é capaz de superar a mérito, a preparação, o estudo e a legitimidade da causa que defendemos. É tão óbvio! É tão claro!

No primeiro bloco, o antropólogo defensor do consumo tentou ganhar o debate sobre consumo no grito. No segundo percebemos que não temos medo de cara feia. Diante da calma e da explicação sobre a necessidade da resolução 163, não houve argumento. 

Com este formato de programa, não dá para aprofundar o debate nem para um lado nem para outro, mas é fundamental para abrir uma brecha para aquelas pessoas que nunca tinham pensado no assunto. E nossa expectativa foi superada: espaço aberto para este debate que precisa de toda a sociedade para encontrarmos boas soluções!

Hoje acordamos com a sensação de dever cumprido: agora que nosso trabalho de informar, de dar espaço às mães neste debate, de refletir soluções, de exigir do estado que cumpra o seu papel e de participar da formação de consensos com o mercado não pode parar e agora estamos com todo gás. Avante!

Leia mais:
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Veja a nossa participação: bit.ly/MilcNaMoral

(*) Mariana é mãe de dois, publicitária e mestre em políticas públicas. É autora do blog materno viciados em colo e é cofundadora do Milc. Mariana faz regulação de publicidade em casa desde que a mais velha nasceu e acredita que um país sério deve priorizar a infância, o que – entre outras coisas – significa disciplinar o mercado em relação aos direitos das crianças. viciadosemcolo.com


Tags:  Conanda debate Instituto Alana na moral regulamentação resolução 163

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Mariana Sá




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