Textos especial para o Milc de Dani Brito e Vanessa Anacleto*
Não existe prazer maior para quem vai ao cinema do que entrar numa sala sem saber o que esperar e ser alegremente surpreendido. Foi assim no caso de Boxtrolls. Alertamos porém, que para desfrutar deste prazer, precisamos nos livrar um pouco da estética Disney, tão impregnada em nossas retinas – nada contra, mas que as vezes pode prejudicar a visão de algo diferente. Boxtrolls é o terceiro filme da produtora Laika, depois de Coraline e o Mundo Secreto e ParaNormal, em stop-motion*. Pode parecer sombrio. Provável até que seja. Então, vá lá: Boxtrolls é uma animação sombria para crianças que merece ser assistido. Não é todo dia que um filme infantil, de uma produtora dirigida pelo filho do presidente da Nike, diz com todas as letras que coisas não nos definem.
No filme, A cidade de Ponte Queijo vivia aterrorizada pelos boxtrolls, criaturas do subterrâneo. Todos na cidade acreditam que os Boxtrolls são muito perigosos, a ponto de roubar e devorar crianças. A crença da maldade dos Boxtrolss começou há anos com o sumiço de um bebê e mais tarde descobrimos como ele foi parar nos subterrâneos, ganhou o nome de Ovo e foi criado pelo Boxtroll Peixe. O personagem Surrupião – o exterminador de pragas- e Boxtrolls – da cidade, se encarregou de impor um toque de recolher e espalhar o medo entre os cidadãos. Surrupião não é bonzinho e todos os seus atos tem motivação na conquista de status.
Em uma aventura humana e divertida, o filme discute valores e a verdadeira razão para as ações dos personagens. Surrupião deseja um chapéu branco que lhe conferirá a entrada num clube seleto, a pobre menina rica Winnie só quer ser amada e Ovo, está em busca da sua verdadeira história. Boxtrolls é uma crítica social muito refinada, com direito a diálogos filosóficos a partir das ações dos próprios personagens e sobre a dualidade entre o bem e mal que fariam Zaffaroni e Galeano aplaudir, somando-se a isso muita ação e humor. O protagonista nos dá uma aula de resistência para vencer a opressão. Ah! e não saiam da sala quando o filme parecer acabar. A última cena, que aparece durante os créditos, é fantasticamente incrível.
Clique aqui para informações e fotos do making of em stop-motion ( link em inglês)
* Dani é mãe de dois. Graduanda no curso de Direito, prometeu não se deixar contaminar pela ala conservadora e fugir do senso comum. Aprendeu a encarar a maternidade como ato político, usando do pressuposto que tem de gerir e potencializar o seu bem-estar para fazer escolhas e responsabilizar-se por elas. Por isso, acredita numa maternagem com afeto, responsabilidade e ética. É autora do blog materno Balzaca Materna. www.balzacamaterna.com.br
* Vanessa é mãe do Ernesto, blogueira e autora do livro Culpa de mãe. Por causa disso tudo, ajudou a fundar o Milc e luta por um futuro sem publicidade infantil.é escritora, blogueira no Mãe é tudo igual. Além disso tudo adora cinema.
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