Texto especial para o Milc de Ana Julia Portela*
Minha homenagem às Milcs, essas danadas. Quatro anos de luta!
“As ovelhas, o cão e a publicidade infantil
Era uma vez um cão, um rebanho e um pastor.
O pitbull sempre rondava o rebanho, e as ovelhas-mães viviam sobressaltadas, pois todas as noites, algum filhote era vitimado.
Não aguentando mais aquela situação, decidiram pedir ao pastor que tomasse providências. Mas, para espanto geral da nação ovídea, o pastor respondeu que a culpa era delas, que não cuidavam direito dos seus filhotes.
Inconformadas, as mães alegaram:
– Não dá, o cão é muito agressivo e sempre vem à noite, quando estamos dormindo.
– Então, ensinem seus filhos a se defenderem do cão, ora essa! Eduquem, protejam. Não é este o papel de vocês? Pariram, agora cuidem dos seus.
– E o senhor acha que só isso é suficiente? Acha que a educação das ovelhinhas pode conter o cão?
– Mas é claro! Ovelha educada fica fora de perigo.
– Por favor – replicaram as pobres mães – tudo o que pedimos é que construa uma cerca, pra modo de nossas crias ficarem mais seguras.
Mas o pastor, que morria de preguiça de fazer o seu trabalho, mandou as ovelhas irem pastar.
De volta ao aprisco, o rebanho decidiu ir falar com o fazendeiro, que era dono do cão. Era uma ideia meio insana, poderiam dar de cara com a fera, mas era a coisa certa a fazer.
Ao chegar ao destino, ficaram muito admiradas de ver a riqueza do sujeito.
– O que querem aqui? – indagou o fazendeiro.
– Temos uma reivindicação.
– Qual?
– Queremos que o seu cachorro pare de atacar nossos filhotes.
– Mas a culpa não é dele. É da natureza dos carnívoros atacar. Questão de instinto – desconversou o homem.
– Tudo o que lhe pedimos é que treine o seu cachorro para atacar adultos, não criancinhas. Não dá pra fazer isso?
– Que bobagem! Dêem limites aos seus filhos!
E sacando do bolso um best-seller sobre educação infantil, entregou-o às mães.
As pobres e indefesas ovelhas ficaram indignadas com a indiferença do fazendeiro. Apesar disso, tiveram de engolir a ofensa, porque não eram páreo para homem nem cão.
Mas naquele momento de angústia, uma das mães teve a ideia:
– Vamos lutar com as nossas armas! Vamos fazer muito barulho. Gritem “méééééé” com todas as forças!
E assim, elas baliram a plenos pulmões.
Cada vez mais ovelhas aderiam ao grito. Num piscar de olhos, já eram mais de 100 mil vozes em coro.
E o brado das mães tornou-se tão forte, que o fazendeiro já não conseguia dormir.
MORAL: os pais podem dar limites aos filhos, mas só o estado pode dar limites à publicidade abusiva.”
Com carinho,
Ana Júlia
—
Nota da editora:
Para dar limite aos publicitários e anunciantes e reduzir o consumismo precisamos de um novo marco regulatório para a #publicidadeinfantil . Não temos a ilusão que seja a única solução, mas temos certeza que é um passo fundamental fazer com que os anunciantes tenham regras muito claras para anunciar ou que nem possam se dirigir aos nossos filhos.
Para acabar com o consumismo precisamos de um novo marco regulatório para a #publicidadeinfantil . Não temos a ilusão que seja a única solução, mas temos certeza que é um passo fundamental fazer com que os anunciantes tenham regras muito claras para anunciar ou que nem possam se dirigir aos nossos filhos.
No blog | http://bit.ly/RHjh9x
(*) Ana Julia é mãe, professora e autora do blog Ensine seu filho http://ensineseubebe.blogspot.com.br/
Tags: ativismo maternidade PL 5921/01 proteção às crianças regulação regulamentação