escola / 26 de outubro de 2016

Comida na escola: inspirações para lancheiras, cantinas e refeitórios – caso 7

Texto editado por Mariana Sá a partir de relato de Alice Ramos e comentários das leitoras do Milc*

A série “Comida na escola: inspirações para lancheiras, cantinas e refeitórios” começou em junho de 2015 como continuidade uma maneira de inspirar mães, professoras, diretoras a buscar alternativas à porcarias comestíveis vendidas em cantinas terceirizadas ou em  refeitórios de escolas públicas: além dos casos existem textos contendo reflexões e críticas que dizem respeito à escola como agente protagonista para a promoção de uma alimentação saudável e adequada.

Hoje, um ano e cinco meses depois, publicamos o nosso sétimo aproveitando o lançamento da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável. Depois de sete relatos de experiências bem sucedidas e de incontáveis comentários exemplificadores de boas práticas, sabemos que É POSSÍVEL comer bem na escola, quando crianças, mães e educadores estão imbuídos e envolvidos neste processo de mudança.

Conheça Alice Ramos e o funcionamento da merenda em Bruxelas:

Queria compartilhar o sistema de merenda da escola de Gui (em Bruxelas), acho genial. São 22 crianças e a cada dia uma mãe/pai fica responsável por levar a merenda pra toda a sala. Assim nós só nos preocupamos com merenda mais ou menos uma vez por mês.

Quem leva nas segundas tem que levar biscoito de arroz/torradinha com pastas diversas tipo, homus, pasta de atum, de azeitona… Nas terças tem que levar um prato típico do seu país/região, pode ser bolo, pãozinho, quibe, etc… Nas quartas é dia de levar frutas/frutos secos como nozes, passas, amêndoas, castanha de caju, fruta desidratada, ameixa seca, pistache etc. Na quinta é dia de frutas e nas sexta é dia de legumes. Amanhã é dia do Gui levar, preparamos couve de Bruxelas ao vapor, tomate cereja, pepino e cenoura crua.
Além de não termos a preocupação diária do que preparar pro lanche tem outros 2 pontos que acho fantástico: A criança experimenta sabores que talvez ela nunca tenha provado na sua casa pois a família não compra ou não gosta, e ela vê outras crianças comendo e se sente motivada a experimentar. Vamos espalhar a ideia aí no Brasil?

14492343_10211148354044548_4394933664404060017_n

imagem do arquivo pessoal da autora

A parte prática:

  • De 3 em 3 meses recebemos uma tabela com a agenda dos próximos 3 meses, com os dias e nome das crianças que levarão o lanche. Dessa maneira se algum dia não lhe convém, você tem tempo hábil pra trocar com outra mãe/pai e informar a mudança pra professora.
  • A classe tem uma sacola pra colocar os potinhos e a cada fim de aula, a professora coloca a sacola na mochila da criança que levará o lanche no dia seguinte, como uma lembrança.
  • No caso de alguma mãe/pai esquecer a merenda ou acontecer da criança faltar, a professora tem uma reserva de biscoitos e frutas secas para servir e a mãe/pai da criança que faltou deve repor esse estoque.
  • Além da “merenda”, o responsável também tem que levar 1 ou 2 (em dias quentes) garrafas de águas, não tem nem suco nem refrigerante!

Gente, feliz de ver o interesse e a proporção que esse post tomou! E ainda mais contente de ler nos depoimentos que muitas escolas no Brasil já fazem isso. E se não for possível implantar esse sistema na sua escola, se reúna com mães/pais dos coleguinhas dos seus filhos e sugira fazer esse rodízio de lanche saudáveis entre vocês.

*  *  *

Agora vejam algumas mensagens e os comentários que recebemos na compartilhamento do post original na página do Milc: http://bit.ly/2d3jeEd

Katia Pais via inbox: “Este é o cardápio da escola dos meus filhos aqui em Florianópolis. Todos seguem a risca porque sabem que estamos cuidando uns dos outros. Na escola não temos nenhuma cantina. E se os pais esquecerem o lanche, a escola providencia e cobrará dos pais.
Sarapiquá é o nome. É muito mais tranquilo fornecer alimento dessa maneira. Todos se sentem comprometidos com a alimentação saudável das crianças. Enfim, fala uma coisa boa do lugar onde vivemos. Assim identificamos que é possível a mudança de cultura uma vez que ela já acontece em algumas escolas aqui, no Brasil!”

Katia Pais: “Escola Sarapiquá em Florianópolis tem esta prática desde sempre. Não possui nem cantina escolar. O cardápio é simples, fornecido por nutricionista onde o foco são as frutas e complementa-se com pães, pipoca, torta de legumes, bolo caseiro… funciona perfeitamente, é maravilhoso para aprendizado seja de compartilhamento quanto de uma alimentação saudável. É muito mais barato do que mandar biscoito e todinho todos os dias. Nem precisamos sair do Brasil pra ter bons exemplos ;)”

Heloisa Goudel Gaino Costa: “Escola dos Sonhos desse jeito, Floripa também.”

Karol Zilah: “É assim no Colégio Nossa Senhora das Mercês, em São Raimundo Nonato (Piauí). O problema é que o cardápio precisa ser aperfeiçoado, com menos leite, menos carne e menos doce.”

Sabrina Melo: “Na escola do meu filho é assim. Escola dos sonhos em Florianópolis. Recebemos o cardápio (super saudável) com antecedência e levamos lanche 2x ao mês. Quem leva o lanche do dia geralmente complementa com passas, frutas secas etc.”

Bia Gouveia: “Na escola das minhas filhas tb é assim, mas cada família leva o lanche durante uma semana… Cardápio saudável, pensado pelas famílias e professora. Experiência vem dando super certo já a alguns anos.”

Ana Zoppi: “Na Escola Curumim, em Campinas, funciona assim até o 5º ano. É muito bacana!”

 

Leia sobre outros casos: #comidanaescola

(*) Alice Ramos postou este relato no seu perfil do Facebook e nós compartilhamos e agora estamos republicando com a devida autorização da autora como uma maneira de demonstrar a possibilidade da promoção da alimentação saudável nas escolas dentro de uma série contendo outras estratégias.

Mariana Sá é mãe de dois, publicitária e mestre em políticas públicas. É cofundadora do Milc e membro da Rebrinc. Mariana faz regulação de publicidade em casa desde que a mais velha nasceu e acredita que um país sério deve priorizar a infância, o que – entre outras coisas – significa disciplinar o mercado em relação aos direitos das crianças.


Tags:  #comidadeverdade #comidanaescola #realfood alimentação saudável comida na escola escola lanche coletivo

Bookmark and Share




Previous Post
Coluna Pergunte à especialista - Melissa Areal Pires
Next Post
Você não é obrigada a nada!



Movimento Infância Livre de Consumismo




You might also like






More Story
Coluna Pergunte à especialista - Melissa Areal Pires
Nesta coluna o Milc convida os leitores a enviarem suas dúvidas à especialista em Direito do Consumidor Melissa Areal Pires...