publicidade de alimentos / 7 de janeiro de 2017

Comida de verdade é a solução

Texto especial para o Milc de Claudia Visoni*

Reclama-se bastante da grande mídia e por vezes eu critico também. Mas a Globo fez um trabalho exemplar de divulgação de conceitos que em geral ficam restritos a pequenos círculos de ativistas e engajados. Por quatro domingos consecutivos, o Fantástico apresentou os episódios do “Fonte da Juventude”, que trata de alimentação, saúde e agroecologia.

Parabéns para a Denise Chaer por colocar o assunto na roda global. E para o Estevão Ciavatta por fazer um programa lindo e fácil de entender. Vai despertar muita gente para ir atrás de mais informações e novos sabores. E tem dedo dos Novos Urbanos – Laboratório de Inovação Social nessa história!

Daqui a alguns meses será lançado o documentário. Por enquanto ficam disponíveis os links e resenhas dos quatro episódios de 10 minutos, todos eles ótimos (clica no subtítulo):

 

1 – PLANTAS QUE VOCÊ PODE COMER E NÃO SABIA

Horta Comunitária no Capão Redondo – Ponto de Cultura Alimentar Capão Cidadão (SP)

Começa com a constatação de que a sociedade brasileira está doente devido à alimentação inadequada. A coisa é séria: segundo o IBGE, pela primeira vez desde que começaram as estatísticas e expectativa de vida dos filhos é menor do que a dos pais. E a desnutrição atinge todas as classes sociais, já que mais de 90% da população não consome frutas, verduras e legumes na quantidade e variedade necessária. As cientistas avisam que a agricultura urbana é NECESSÁRIA para mudar essa situação. Aí aparece o bela horta do Capão Cidadão, Zona Sul de SP. Em seguida o mestre Valdely Knupp falando das PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais). Então a reportagem voa para uma reserva indígena no Tapajós onde a mestre em agroecologia Mariane Chaves mostra os alimentos locais e as receitas de origem indígena que são a base da alimentação supernutritiva da comunidade por lá. Para terminar, a pesquisadora Ana Lydia Sawaya, da Unifesp, avisa que a saúde depende também da cultura alimentar, que é comer em família ou entre amigos, compartilhando experiências.

 

 

2 – CRIANÇAS PASSAM POR ALFABETIZAÇÃO ALIMENTAR

Olha aí o Fantástico falando de alfabetização alimentar, biodiversidade dos alimentos, os males do açúcar na primeira infância, suco de jiló com limão, uma família superando a obesidade infantil, comida local, como a merenda escolar regenerou a economia de Paragominas (fornos de carvão substituídos por cultivo de hortaliças), lei da merenda (11.947, que obriga que 30% dos alimentos venham da agricultura familiar). Olha só o ciclo virtuoso de saúde e economia que a comida boa, limpa (de venenos sobretudo) e justa consegue gerar.

 

 

3 – RÓTULOS PODEM CONFUNDIR MAIS DO QUE ESCLARECER

Brasil saiu do mapa da fome da ONU e entrou no da obesidade, o que está diminuindo a expectativa de vida como um todo e sobretudo a de vida saudável. Do que precisamos? Voltar a comer arroz com feijão! Aí mostram o lindo Banco de Sementes São Tomé II, na Paraíba, e os agricultores tradicionais fazendo suas trocas. Informação importantíssima: 70% dos alimentos que a gente come vem da agricultura familiar (o agronegócio é focado em commodities de exportação). Do campo para a cidade, o que sobra para a maior parte dos consumidores na hora de descobrir a origem dos alimentos é tentar desvendar rótulos. E viva o lindo movimento #poenorotulo, de ativismo materno, liderado pela Cecilia Cury e sua turma. Para terminar o episódio, Maurício e Vanessa Dacinger (pai e filha) contam como se livraram dos quilos a mais e um monte de doenças plantando e comendo vegetais. <3

 

 

4 – A PRODUÇÃO DE ORGÂNICOS EM LARGA ESCALA

Com a produção de hoje no mundo daria para alimentar o dobro da humanidade, mas 800 milhões de pessoas passam fome. E praticamente todos (ricos e pobres de todos os países) sofrem com a falta de acesso a comida saudável. O Brasil é o campeão mundial de consumo de agrotóxicos. Aqui se usa inclusive produtos proibidos em outros países. E todo veneno agrícola tem isenção de impostos! Há o mito de que é impossível a agricultura orgânica ser bem sucedida em larga escala, mas o Leontino Baldo, da Native Produtos Orgânicos prova que não é nada disso e dá uma aula de recuperação do solo < Aí o programa mostra a incrível iniciativa da Regina Tchelly, do Rio de Janeiro, e sua Favela Orgânica. De lá para SP onde a querida Terezinha Santos Matos conta como é feita a agricultura guerreira da Zona Leste de São Paulo. Para terminar, o Antonio Soares, da Kombotânica, seu trabalho e as lindas plantinhas da laje.

Agora é espalhar esses links por aí e esperar o lançamento do documentário.

 

(*) Claudia Visoni é paulistana, jornalista, ambientalista, mãe, microagricultora, jogadora de basquete, cozinheira e jardineira familiar. Publica o blog www.conectar.com.br/blog


Tags:  agricultura agroecologia alimentação infantil alimentação saudável inspirações publicidade de alimentos soluçãoes

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