“Minha bebê de um ano e dois meses ainda não conhece o mundo sem máscara.”
Em fevereiro deste ano o Milc conversou com alunos da Graduação em Comunicação da UNB sobre o tema Infância e Pandemia, Que geração será esta? – O nos espera no mundo pós-pandemia e que impactos poderemos ter em relação às crianças. Para tentar falar sobre este assunto difícil, abrimos uma pesquisa informal sobre o impacto da pandemia na vida das crianças que ficou no ar por alguns dias recebendo 220 respostas de todas as regiões do Brasil e ainda Portugal, México, Alemanha e Estados Unidos.
Tentamos compreender um pouco como estava indo a rotina das crianças, como estavam se comportando, se a família sentiu os efeitos da crise econômica que acompanha a Pandemia, como estava a escola. Ainda não terminamos de passar por esta experiência avassaladora, que mudou a vida da maioria das pessoas em todo mundo. Não sabemos se o que virá será uma nova consciência da importância do cultivo dos valores humanos. Não sabemos se, passada a crise, veremos um arrefecimento das necessidades de consumo para, quem sabe, compensar os sacrifícios vividos durante a pandemia. Não sabemos se, depois de todo o terror, simplesmente anularemos as lembranças e passaremos a viver como se nada houvesse acontecido. Não sabemos. Apenas desconfiamos que experiências traumáticas, de privação, medo, angústia e adversidade, podem mudar coisas. Mas o que será de nós só futuro dirá.
Gostaríamos que todo este sofrimento resultasse em algo positivo para as crianças que foram pegas pela Covid em plena era de expansão de suas potencialidades e se viram, de uma hora para outra, alijadas da escola, do convívio dos amigos, das brincadeiras em grupo, da proximidade com os avós.
Recebemos muitas respostas de mães e pais que acreditam que a dificuldade poderá fazer dessas crianças, adultos mais fortes que nós. Tomara. Desejamos a nossos filhos não só mais força mas, mais resiliência que as gerações mais velhas. Não nos saímos bem. Não preparamos o planeta para a pandemia atual, mesmo sabendo que ela viria. Nosso modo de vida não é saudável, vivemos para consumo e esquecemos do que importa. Nos deixamos escravizar. Desejamos que nossos filhos possam construir um futuro melhor, habitado por cidadãos mais livres e felizes.
Abaixo seguem gráficos com respostas colhidas no documentário. Escolhemos uma frase para a chamada pelo seu valor simbólico. Todas as crianças de 0 a 4, talvez 5 anos, hoje estão experimentando um mundo com máscaras como se fosse o único mundo possível. Elas não sabem, ou não se lembram como era sair por aí e ter contato com pessoas. Fora isso temos todas as crianças de 6 a 12 anos fora da escola , todos os adolescentes privados de expansão quando tudo o que precisam é expandir. Assim que tudo isso passar precisaremos pensar em algo melhor pra fazer da vida que não seja consumir e existir entre 4 paredes. Tomara que consigamos.