Texto publicado no Grupo Hortelões Urbanos de Akira Akira*
Crônicas do campo: Desperdício de papel
Trabalho como designer e minha filha adora imitar.
Outro dia ela me trouxe vários desenhos e isso me incomodou.
Fui ver o meu pacote de sulfite e ele estava no fim…
– Filha, adorei os desenhos, você tem talento, mas….
Fiquei alguns segundos pensando como dizer sobre o desperdício sem que inibisse a vontade de desenhar.
– Mas, o que pai? – apressou a minha filha.
– Filha, você sabe do que o papel é feito? – perguntei sem jeito.
– Não, do que é feito?
– É feito do caule da árvore, se nós economizarmos papel, menos árvores vão ser cortadas! Desenha em toda a folha, filha!
– Tá bom pai! – e saiu correndo para o quintal.
Pensei cabisbaixo comigo, acho que acabei inibindo um talento.
Eis que ela volta correndo, toda orgulhosa, com um novo desenho!
– Pai, pai, assim tá bom?
Resultado parcial da brincadeira de hoje!
PS.: – Pai, queria que meu irmão tivesse aqui, tá tão legal! – comentário da minha filha, depois de reclamar a manhã inteira que o irmão foi chamado para um aniversário e ela não!
Texto gentilmente liberado para republicação pelo autor.
O Grupo Hortelões Urbanos foi criado em 2011. Reúne pessoas interessadas em trocar experiências sobre plantio orgânico doméstico de alimentos. O grupo também pretende inspirar comunidades de vizinhos para o cultivo coletivo e voluntário de plantas comestíveis na cidade, mas não controla ou organiza atividades de agricultura urbana tampouco tem esta pretensão futura, embora vários hortelões atuem como organizadores e participantes em hortas comunitárias e outras iniciativas como os pic-nics de trocas de sementes e mudas. Como boa parte dos participantes desses projetos sequer fazem parte da rede social, o grupo atua sobretudo como catalizador de intenções de quem deseja plantar alimento na cidade e ajuda a reunir grupos locais para colocar em prática esse sonho.
(*) Akira Akira é Norio Nagado, 47 anos, nascido em São Paulo, formado em publicidade e profissão graphic designer. Morou 20 anos em Tóquio, a meca do consumismo, onde meus filhos de 11 e 7 anos nasceram. Voltei para o interior de SP, fugindo da tentação do consumo fazem 5 anos.
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