Texto especial para o Milc de Mariana Sá*
A Feira de Troca de Brinquedos
Poema de Gustavo Santa Cruz**
Na feira de brinquedo
Todo mundo é feliz.
Um traz livro, outro traz brinquedo
É a criançada quem diz.
Na feira de brinquedo
Todo mundo sai ganhando.
A meninada faz as trocas
E os pais, alegres, só olhando.
Na feira de brinquedo
Os meninos vêm pra brincar.
Mas levam sacolas cheias de brinquedos
Porque é melhor trocar do que comprar.
Na feira de brinquedo
É dia das crianças sem consumismo.
Todos ficam satisfeitos
É um exercício de altruísmo.
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No sábado, 5 de outubro de 2013, durante a 3ª Feira de Troca de Brinquedos e Livros Infantis de Salvador, me deparei com diversas questões:
– Vai ter todo sábado?
– Quando será a próxima?
– Vocês podem vir organizar uma feira destas no meu bairro?
– Posso te ligar para você fazer uma feira destas na escola dos meus filhos?
– Vocês dão consultoria?
– Você poderia ir no meu município organizar uma feira?
Para as perguntas sobre quando nosso grupo organizará outra, a resposta era “no ano que vem!” e para as demais era “vocês não precisam de nós para organizar uma feira”.
Precisa-se de poucos recursos para organizar uma Feira de Troca de Brinquedos. Especialmente se for uma Feira pequena, dentro de um ambiente com fortes vínculos comunitários: precisa-se de gente! Gente disposta e disponível!
Quando fazemos uma sequência de feiras do tamanho das soteropolitanas, precisamos de um pouco mais para não ter desgaste entre as gentes do grupo: muita articulação, muito estudo, muitos encontros, muitas conversas para refletir sobre o que funciona e o que não funciona, muita abertura para ouvir críticas, muito coração para ouvir elogios, e, principalemente, de muitos amigos que cedem seus talentos, seus dons e suas redes para as crianças. Enfim, precisa de gente e dedicação.
Na primeira feira, nos surpreendemos com a fluidez, com a alegria, com a disponibilidade das pessoas para viver algo novo. Nos apaixonamos pela conduta cidadã e solidária das crianças.
A segunda feira nos surpreendeu pela adesão: mais de mil pessoas em paz, apesar dos incômodos de sermos muito num lugar pequeno. Apaixonamo-nos pela expansão da idéia, pela possibilidade de ver este movimento crescer. Acreditamos que precisamos viver menos no consumismo para sermos uma sociedade mais bacana.
A terceira feira nos surpreendeu pela concretização de vários aprendizados que tivemos nas primeiras edições. Ficamos apaixonados pela autonomia das famílias, muitos estavam lá pela segunda ou terceira vez e já sabiam funcionar de maneira independente da organização.
Mais gente do que na primeira edição e menos gente do que na segunda edição. Concluímos, mais uma vez, que este é um movimento que não necessita de escala, que não pode ser industrial, que precisa ser artesanal para fazer sentido, é um movimento em que, literalmente, menos é mais.
Queremos que várias Feiras de Troca de Brinquedos aconteçam em Salvador, na Bahia, no Brasil e no mundo, porque quando vivemos na pele a experiência de transcender o valor monetário de um objeto, conseguimos de fato entender que o objeto é o que menos importa.
(*) Mariana é publicitária e mestra em políticas públicas. É mãe de dois e escreve no blog viciados em colo. Co-fundadora do Movimento Infância Livre de Consumismo.
(**) Gustavo é pai de Tiago, 9 anos, e de Pedro, 5 anos; é Engenheiro, mora em Salvador e não só apoia a sua esposa, como se envolve de coração na preparação da Feira de Troca de Brinquedos de Salvador desde a primeira edição.
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