Texto de Mariana Sá*
Quem não lembra deste clássico slogan? Encontramos diversos ‘dilemas tostines‘ por aí: quando dois fatores estão ligados e não sabemos qual é o precedente. Nenhuma novidade senão a releitura de a pergunta clássica: quem nasceu primeiro? O ovo ou a galinha?
E em ambos os casos, o do biscoito e o da galinha, pouco importa a precedência, mas a certeza da presença dos dois fatos sempre correlacionados: não existe galinha sem ovo, como não existe biscoito fresco sem venda.
Vamos tomar emprestado este dilema para falar de publicidade dirigida a criança e bem-estar infantil:
Os países com menos publicidade voltada para crianças são os mais desenvolvidos em termos de bem-estar infantil. O país que proíbe a publicidade infantil tem bons índices de bem-estar infantil ou tem bons índices de bem-estar infantil porque proíbe a publicidade infantil? Nós não sabemos o que vem antes, mas a constatação é que os dois fatores estão ligados: o país que se preocupa com as suas crianças não dá tanta liberdade aos anunciantes.
Os índices de desenvolvimento vocês conhecem. Vejamos, neste levantamento feito pela Balzaca Materna, como os países que priorizam a infância lidam com a publicidade infantil:
Suécia: é proibida a publicidade na TV dirigida a criança menor de 12 anos antes das 21h.
Inglaterra: é proibida a publicidade de alimentos com alto teor de gordura, açúcar e sal durante a programação de tevê para público menor de 16 anos.
Bélgica: é proibida a publicidade para crianças nas regiões flamencas.
EUA: limite de 10 minutos e 30 segundos de publicidade por hora nos finais de semana, 12 min por hora nos dias de semana. Proibido o merchandising testemunhal.
Alemanha: os programas infantis não podem ser interrompidos pela publicidade.
Canadá: é proibida a publicidade de produtos destinados à crianças em programas infantis. Na província do Quebec: é proibida qualquer publicidade de produtos destinados à crianças de até 13 anos em qualquer mídia.
Dinamarca: é proibida qualquer publicidade durante os programas infantis, e ainda, 5 minutos antes e depois.
Irlanda: é proibida qualquer publicidade durante programas infantis em tevê aberta.
Holanda: não é permitido publicidade dirigida às crianças com menos de 12 anos na tevê pública.
Áustria: é proibido qualquer tipo de publicidade nas escolas.
Itália: é proibida a publicidade de qualquer produto ou serviço durante desenhos animados.
Grécia: é proibida a publicidade de brinquedos entre 7 e 22h
Portugal: é proibido qualquer tipo de publicidade nas escolas
Noruega: é proibida a publicidade direcionada à crianças com menos de 12 anos. Proibida qualquer publicidade durante os programas infantis.
E aí? Precisamos escolher e pressionar os parlamentares brasileiros a demonstrarem que um dia seremos um país que se importa com as crianças. Para isso muita – mui-ta! – coisa precisa ser feita e uma delas é regulamentar ou proibir a publicidade infantil. Vamos participar do debate da nossa solução. Vamos exercer nosso dever de cidadania e pressionar nossos representantes.
*Mariana é publicitária e mestra em políticas públicas. É mãe de dois e escreve no blog viciados em colo. Co-fundadora do Movimento Infância Livre de Consumismo.
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