Carol Guedes*
Lembro eu, ainda pequena, aprendendo a arte do fazer um café preto e de cortar mamão com faca sem ponta… acordava mais cedo e ía sorrateira até a cozinha. Depois de tudo pronto, pegava a bandeja de madeira e organizava cuidadosamente a fruta, o pão, o café e a cartinha já escrita na noite anterior com canetinhas coloridas e adesivos… lembro até do carinho em que o guardanapo de papel era geometricamente dobrado… Entrava com todo o cuidado no quarto da minha mãe e com beijinhos a despertava! Lembro do cheiro… cheiro de mãe… vocês devem saber do que eu estou falando…
Era tão gostoso e tão marcante que se fechar os olhos consigo descrever com carinho cada minuto. Lembro principalmente do orgulho que eu sentia em proporcionar a ela o amor, o se sentir amada e lembro também que proporcionando isso a ela eu também me sentia amada… orgulhosa!
Dia das Mães!
Eu não trabalhava e aquela era minha moeda de troca, o amor.
Entrei para o mercado de trabalho, mas já não morava mais com minha mãe, a distância, talvez no meu caso, tenha ajudado a não apagar o real valor desse dia. Nos falávamos via skype, escrevia cartinhas ou mandava fotos de uma época de abraços off line.
Não quero de forma alguma ser saudosista e falar que na minha época as coisas eram diferentes, nada disso! Na minha época, era como agora, o Dia das Mães já era o segundo dia de maior consumo no país, mas de alguma forma meu pai e minha mãe resolveram me ensinar valores que guardo com carinho!
Então você me pergunta: E porque só no Dia Das Mães?
Claro que podemos levar café da manhã na cama em outros dias, mas no dia das mães TEM que ser especial, tem que ter uma cartinha, uma flor… tem que ter um afago especial… dia das mães é aquele dia que você vai estar completamente voltado a ela, as vontades dela… é o dia do ano que ela não tem que se dividir, nós, filhos, é que teremos… é o dia de resgatar o que é realmente importante! Quem é realmente importante pra você!
Não sou contra o consumo, de forma alguma, mas acredito que se faz necessário um consumo mais consciente, um consumir de forma menos compulsiva e mais pensada.
Mal acabou a Páscoa e já estamos novamente comprando…. estamos de novo nas filas das lojas, nos shoppings e a perder o nosso precioso tempo a procura do presente ideal. A publicidade quer nos fazer acreditar que com o produto x sua mãe será a mãe mais feliz do mundo! Mas será que é isso mesmo que sua mãe quer? Será que não vale a pena saber O QUE ELA TEM A DIZER!?
Sabe aquela hora que você entra na loja de brinquedos e seu filho se joga no chão por uma bola e você fala pra ele: “Filho, você já tem uma bola, não precisa de mais uma!” Então, querida mãe, não fale de exemplos, agora chegou aquele momento importante em que você é o exemplo!
Nesse dia das mães tenho uma proposta ousada. Ao invés de um presente comprado, informe a sua família o que você realmente deseja: dormir até tarde, um almoço feito por eles, massagem, um passeio naquele parque que você ama… o dia é seu! Aproveite!
Ousada demais essa proposta? Quer mesmo assim dar um presente? Perfeito! Então, olhe a sua conta bancária, tudo que tua mãe não vai querer é você endividado e ela se sentindo culpada. Também vale se programar antes da compra, evitando dívidas desnecessárias e desperdícios; buscando informações sobre as empresas produtoras e comprar daquelas que são éticas e se guiam pelos princípios da responsabilidade social e ambiental; lendo atentamente rótulos, para observar as recomendações técnicas; priorizando produtos que usam menos embalagens para evitar a geração de resíduos.
Sim, você faz toda a diferença! Seja a diferença que você quer no mundo! E tenha um delicioso dia das mães!
(*) Carol tem 31 anos, é filha de Gorete e mãe de Maria. Atriz e idealizadora do Quintal de Trocas, escolheu nesse dia das mães café da manhã na cama, 30 min de skype com a mãe e um desenho feito pela filha.
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