brinquedos e marketing / 23 de maio de 2014

Vamos brincar de…

texto de Carol Guedes*

Já faz algum tempo, li uma matéria de uma mulher norte-americana que encontrou dentro de um brinquedo “made in china”, um bilhete de socorro de um chinês que se encontrava em um campo de trabalho forçado na China. Lembro que aquela matéria me fez pensar – e muito –  em cada brinquedo de Maria, minha filha.Sou da teoria do menos é mais. Maria tem poucos brinquedos, faz suas trocas mensais utilizando o sistema online do Quintal de Trocas e no mínimo uma vez por semestre frequentamos feiras de trocas (Dia das Crianças é presença obrigatória).
Acredite! Nossos filhos não precisam do brinquedo de R$200 reais para serem felizes e inteligentes. Eles precisam apenas brincar, de amor e de estímulo! Estimulem!Maria tem ao todo 12 brinquedos que são de revezamento e alguns que não saem do quarto dela.

Brinquedos de revezamento funcionam da seguinte maneira: seis ficam no quarto e os outros seis dentro do armário fechado. Toda semana depois de limpar o quarto dela, trocamos os brinquedos! Isso faz com que ela não enjoe do brinquedo tão rapidamente e parece que está sempre ganhando uma energia de estímulo para aquele “novo” brinquedo. Maria também tem os brinquedos fixos que são: a cozinha, as massinhas de modelar com suas forminhas e a mesa com papéis, canetas, canetinhas, giz, fitas e sucatas para produção de brinquedos, artes e etc.

Além desses brinquedos, também tem os brinquedos que eu chamo de brinquedos de curta duração. O que seriam? Por exemplo: vou com a Maria em um parque e resolvemos pegar as folhas caídas no chão para uma obra ou para observar o processo da folha secando ou pegar pedras para pintar, a caixa de papelão que veio o sapato, que acaba virando um brinquedo e isso tudo vira lixo logo depois de utilizado (alguns da própria natureza, outros lixos recicláveis).

Como compramos poucos brinquedos, fazemos questão de escolher brinquedos que possam trabalhar ao máximo a sua criatividade. Não sou muito favorável a brinquedos com pilhas, que fazem tudo sozinhos… sabe? Aqueles brinquedos que pulam, falam, dançam e parece que se divertem sozinhos? Então, desses, NÓS é que pulamos fora!

O brinquedo pode ser um pote de plástico que passa água para outro pote de plástico e treina coordenação, mas também pode ser um pote maior que com um pouco de areia e mini dinossauros, alguns galhos… pedras… podem nos fazer voltar para a pré-história… tem também as colheres de pau e os baldes que fazem um som incrível… as chaves antigas nunca usadas que viram chocalhos interessantíssimos… o coador que pega bolinhas jogadas na água de um balde e que rendem gargalhadas deliciosas…

Legal, mas e na hora de comprar os brinquedos? Quais preocupações que devemos ter?

Bom, vou aqui tentar elencar as minhas importâncias na hora de escolher o brinquedo pra Maria:
1. Gosto de saber que a Indústria é Brasileira. Valorizo artistas/artesãos brasileiros!2. Selo do INMETRO garantindo a segurança do brinquedo.

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3. Também acho importante a classificação etária para uso do brinquedo. Não dou para minha filha brinquedos que sejam para crianças maiores. Porque, mesmo sabendo que criança não é cartilha, que cada um tem o seu tempo e que isso tem que ser respeitado, também acredito que os estudos para a classificação etária para os brinquedos é algo bem amplo. Então, com três anos é interessante que a criança “treine” o “fazer um projeto”. Claro, elas vão continuar trabalhando o “se pintar”, mas elas passam a entender que também é possível fazer um projeto de resultados. Trabalhar com pincel, com traço, com cores…4. De onde é a matéria prima para produzir aquele brinquedo. Importante ressaltar aqui que brinquedos de plásticos não são tão interessantes assim, mesmo sendo mais fáceis de lavar. e brinquedos que tenham maior durabilidade (como os de madeira, por exemplo), demoram mais tempo para ir para o lixo e podem passar de criança para criança. Assim, o próprio brinquedo já ensina algo sobre o mundo que ela vive.

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5. O estímulo do brinquedo para o meu filho.

6. E também os riscos do brinquedo: se contém grampos isso tem que ser avisado. Os componentes da tinta tem que estar nos rótulos para que crianças alérgicas sejam previamente avisadas, etc.

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Sim, vocês devem estar pensando: “muito legal! Mas brinquedos educativos são bem mais caros!”Concordo! São bem mais caros mesmo, mas temos que parar de pensar no curto prazo e lembrar a frase lá do começo do texto: menos é mais! Ao invés de comprar a boneca nadadora, a boneca patinadora, a boneca encantadora de crianças, compre uma boneca que, com a imaginação e com a criatividade, vire tudo isso.
Brinquedo de mais qualidade dura mais e pode ser repassado inúmeras vezes. E, se isso for importante para os compradores, as empresas fabricantes de brinquedos certamente se preocuparão com a durabilidade.“Brincar é um momento sagrado. É através das brincadeiras que as crianças ampliam os conhecimentos sobre si, sobre o mundo e sobre tudo que está ao seu redor. Elas manipulam e exploram os objetos, comunicam-se com outras crianças e adultos, desenvolvem suas múltiplas linguagens, organizam seus pensamentos, descobrem regras, tomam decisões, compreendem limites e desenvolvem a socialização e a integração com o grupo.” [1] E todo esse aprendizado prepara as crianças para o futuro, onde terão de enfrentar desafios semelhantes às brincadeiras.
[1] http://tstsmaisacao.blogspot.com/2009/08/recreacao-infantil.html (acesso em Fev. 2010)

Foto: Camila Selli Nogueira/Atelier Fazendo Arte/direitos reservados

Este post é a nossa contribuição para a Semana Mundial do Brincar. Saiba mais sobre esta importante iniciativa da Aliança Pela Infância  #brincandojuntos #SMB2014

Carol Guedes, atriz, idealizadora do Quintal de Trocas e mãe da Maria Beatriz de 3 anos, acredita que são possíveis sim “coroações” com cartolina colorida e pedaços de papelão porque em uma brincadeira o que importa mesmo é onde reina a nossa imaginação. 

 


Tags:  brincadeiras Semana Mundial do Brincar

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Mariana Sá




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