Tradução especial para o Milc, de Silvia Düssel Schiros*
Durante a Assembleia Geral Anual de 2014 do McDonald’s, Sally Kuzemchak, nutricionista e mãe preocupada, perguntou ao CEO da empresa, Don Thompson, sobre a estratégia de dirigir publicidade às crianças. Thompson tentou tranquilizar Sally. “A empresa vem fazendo uma publicidade responsável”, afirmou. Em seguida, deu uma declaração bombástica: “Não colocamos o Ronald dentro das escolas.”
Foi uma declaração surpreendente dada pelo CEO da maior fornecedora de fast food do mundo. Além de Thompson reconhecer que a “publicidade responsável” inclui o respeito às escolas como áreas livres de publicidade, ele teve a coragem de anunciar que a empresa não recorre a desse tipo de exploração.
Só há um erro nessa declaração de Thompson: não é verdade. Sites regionais do McDonald’s divulgam ativamente a disponibilidade do Ronald McDonald para participar de eventos em escolas [1]. Em eventos disfarçados de ações educativas para promover a leitura e até hábitos saudáveis, Ronald frequentemente visita escolas de educação infantil e primárias dos Estados Unidos, da China, da Austrália e da Holanda [2]. No Brasil, tais incursões frequentes do palhaço em escolas levaram o Instituto Alana a enviar uma representação contra o McDonald’s para os Ministérios da Justiça e da Educação [3].
As famílias devem ter o direito de mandar as crianças para a escola sem a preocupação de que seus filhos sejam expostos a esse mascote infame. Qualquer tipo de publicidade dentro das escolas explora um público cativo, mas mandar o Ronald McDonald para dentro das salas de aula enquanto o papel das escolas é ensinar hábitos de alimentação saudável é uma prática ainda pior.
A ONG americana CCFC está à frente de uma campanha internacional para manter o Ronald McDonald fora das escolas para sempre. Recentemente a ONG enviou a Thompson uma carta assinada por 48 organizações das áreas de saúde pública, educação e infância de todo o mundo, conclamando o CEO a cumprir a promessa feita perante os acionistas da empresa [2]. Mas ele também precisa ouvir isso de você.
Diga ao McDonald’s para não mandar o Ronald para as escolas.
Agradecemos por cobrar do McDonald’s uma atitude responsável.
Josh Golin, CCFC
P.S. Recebemos de uma porta-voz do McDonald’s um email afirmando que a declaração de Thompson estava correta: a empresa não coloca o Ronald nas escolas. Segundo ela, apenas as escolas e grupos filiados são responsáveis por definir quem serão seus convidados. Mas ninguém disse que o mascote da empresa estava entrando nas escolas sem ser convidado pelos responsáveis administrativos. Por isso pedimos que você assine a petição e mostre ao McDonald’s que esse discurso ambíguo não livrará a cara da empresa. Queremos que eles façam o que é certo.
[1] http://www.mcnewjersey.com/3977/44028/Invite-Ronald-To-Your-School/ (texto original em inglês voltado para escolas dos EUA que desejem receber o Ronald McDonald para apresentações)
[2] http://www.commercialfreechildhood.org/blog/international-coalition-mcdonalds-ceo-keep-your-word-ban-ronald-mcdonald-schools
[3] http://www.dino.com.br/releases/instituto-alana-denuncia-acao-de-marketing-do-mcdonald%E2%80%99s-em-escolas-dino89013534131
Fonte do documento original: http://www.commercialfreechildhood.org/action/clown-doesnt-belong-schools
(*) Silvia é mãe de duas. Formada em Letras, é tradutora profissional há mais de 20 anos. É cofundadora do Milc: “estreou” no ativismo por um mundo melhor através do trabalho com proteção animal. Circula também pelas áreas de ativismo ambiental, humanização do parto e amamentação. Seu maior desejo é que seu ativismo torne-se totalmente desnecessário para poder descansar de pernas pro ar nas horas vagas. Para conhecer melhor seu trabalho, entre em contato por email: silvia.milc@gmail.com.
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