Milc na escola – Alimentação, confusão nutricional, falta de tempo e informação

Texto especial para o Milc de Vanessa Anacleto*

Em maio estive em uma escola de educação básica da rede federal.  Junto da professora Luciana Maldonado, do Núcleo de Alimentação e Nutrição Escolar da UERJ, estivemos conversando com alunos do 4o ano do ensino fundamental sobre alimentação e consumo consciente. Os alunos, na faixa entre 9 e 10 anos, já se mostravam bastante familiarizados com o tema e haviam assistido aos documentários Muito Além do Peso e “Agite-se antes de beber”, conheciam a pirâmide alimentar, realizaram experiências em laboratório com produtos alimentícios com corantes e debateram publicidade infantil de alimentos em sala de aula.

A profa Luciana falou sobre o Guia Alimentar para a População Brasileira, a importância de uma alimentação variada e os impactos ambientais das nossas escolhas alimentares e o Milc falou sobre publicidade de produtos alimentícios para crianças, quantidades de açúcar e gordura em produtos ultraprocessados e mostrou um pouco do trabalho do fotógrafo Peter Menzel que, com seu livro Hungry Planet (Planeta Faminto) fotografou famílias de todo o mundo e o impacto da industrialização nos seus hábitos alimentares.

Após a fala das palestrantes a organização abriu para perguntas dos alunos . Além de dúvidas sobre alimentos saudáveis e não saudáveis as pergunta mais recorrentes foram Agora que sei o que é alimentação saudável, como faço para minha família parar de comprar ultraprocessados?” e “Como faço para cozinhar com meus pais/avós já que eles não gostam? Como faz?

Os questionamentos, partindo de crianças que tiveram acesso a informações e participaram de debates sobre vícios alimentares, nos entristecem e demonstram que vivemos uma época de grande confusão alimentar. Ao contrário do que acontecia nas gerações anteriores, os adultos estão perdendo referências sobre o que significa alimentação saudável. Quando encontramos uma escola parceira, que educa para alimentação, não cai nada mal, não é?

A confusão nutricional que vivemos é provocada muitas vezes pela indústria de alimentos que vende produtos nocivos à saúde. Os adultos não têm tempo e as crianças sabem disso. Adultos não têm tempo porque precisam dedicar muitas horas do dia ao trabalho externo para garantirem o seu sustento e o da família.

Dentre as maiores preocupações dos pais está a alimentação das crianças e adolescentes. É preciso que as crianças comam. Temos pouco tempo para preparar refeições e a indústria nos coloca muitas opções de produtos alimentícios de preparação rápida. Basta abrir um pacote e aquecer, às vezes nem isso. O que nos falta para conseguirmos nos alimentar bem, além de tempo? Eu diria que nos falta Informação. Com informação correta deixamos de fazer escolhas erradas.

Precisamos então correr. Correr atrás de tempo pra nós mesmos, de uma boa escola para educar mais que apenas o ENEM,  para alimentar bem nossos filhos e escolher boa informação.

Leia também:

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Comida de verdade é a solução 

Escolha o Anjo 

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*Vanessa Anacleto é co-fundadora do Milc, corre atrás do tempo mas tem a sorte de ter o filho em uma escola pública parceira. 

Contatos para palestras em escolas infancialivredeconsumismo@gmail.com

 


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Vanessa Anacleto




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