Vanessa Anacleto*
Uma blusa, bolsa, perfume. Muito amor, atenção, apenas a lembrança. Dos bens materiais, que esteja realmente precisando, uma mãe poderá gostar. Dos imateriais, estes sim, ela sempre precisa. Mas, além dos filhos reunidos e próximos, o que mais uma mãe precisa todos os dias?
Falamos das mães, o que elas querem? Falamos destas coisas que não cabem numa caixa, que não pode ser pagas com cartão de crédito em várias parcelas, que são esquecidas num canto de armário e não são descartáveis? O quê?
Antes de serem mães, muitas mulheres desejam poder decidir quando e se terão filhos sem serem julgadas. Mulheres sem filhos ou que adiam a prole pela profissão ou qualquer outro motivo, não são seres egoístas que negaram uma missão divina.
Mães em potencial desejam atendimento pré natal decente e condições para levarem a gravidez a termo.
Mães em potencial desejam informações completas sobre o parto e que os vergonhosos números da violência obstétrica no Brasil sejam achatados.
Mães desejam amamentar seus filhos sem serem olhadas por desprezo pelas outras pessoas e expulsas de locais públicos ou privados.
Mães desejam informações adequadas sobre rótulos dos produtos alimentos, pois todos tem direito de saber o que comem.
Mães desejam educação pública e de qualidade para todos os filhos.
Mães desejam que as crianças possam ter acesso a conteúdo cultural e de entretenimento sem que para isso se tornem reféns da publicidade.
Mães desejam liberdade para educar seus filhos sem o assédio dos anunciantes que ainda hoje se dirigem às crianças mesmo cientes do mal que fazem.
E mais:
Mães desejam atendimento de saúde digno para todos;
Mães desejam mobilidade urbana e desenvolvimento sustentável;
Mães desejam hortas comunitárias;
Mães desejam praças públicas bem cuidadas;
Mães desejam opções culturais e de lazer acessíveis a todos;
Mães desejam segurança para suas famílias;
Mães desejam ver seus filhos crescerem em paz.
Sim, sabemos que esta lista não teria fim e que este conjunto de desejos pode parecer utópico, absolutamente inacessível. Mas, que esperar de alguém capaz de carregar o mundo inteiro dentro de si?
(*) Vanessa Anacleto é mãe do Ernesto, co-fundadora do MILC , autora do livro Culpa de Mãe e blogueira no Mãe é tudo igual
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