Texto especial para o Milc de Débora Diniz, Mariana Sá e Vanessa Anacleto e imagem de Anne Rammi*
Há um mês começamos uma cruzada contra uma prática tão antiga quanto prejudicial: a oferta de ovos de chocolate com brinquedos e personagens para as crianças. Foi muito trabalho e muita dedicação. Escrevemos. Debatemos. Desenhamos. Oferecemos alternativas. Soluções. Inspirações.
Na quinta-feira passada, iniciamos o feriado com a sensação de dever cumprido. Aliás, mais que isso, terminamos nosso dia com o sentimento de que um importante passo havia sido dado – não apenas para um futuro cumprimento da lei – mas para a desnaturalização do assédio que nossas crianças sofrem.
Foram muitas entrevistas, muito apoio, muitos agradecimentos. Foram muitas adesões de amigos, de entidades, de blogueiras, de parentes. Foram muitas as pessoas que declararam ter chegado ao limite quanto à conduta das empresas e do varejo. Foram pessoas que perceberam de maneira inexorável o modus operandi do marketing. Pessoas que perceberam como nossos filhos são induzidos e manipulados.
Todos entramos no feriado sem saber ao certo como as crianças reagiriam diante da nossa decisão de dizer basta aos licenciados. Elaboramos estratégias. Muita gente comprou ovo sem brinquedo, mesmo que no varejo regular. Teve quem tenha comprado de artesãs. Teve até quem tenha se aventurado a fazer os seus ovos de chocolate em casa. E teve também quem sequer tenha colocado este dia no calendário.
E quando o domingo chegou não teve chororô. Não teve biquinho. Não teve birra. Não teve parente passando por cima da decisão dos pais.
Em muitas casas, teve caça aos ovos, teve fruta,teve chocolate. Em muitas casas teve almoço com sobremesa diferente, teve sorriso, teve família. Teve alegria e criança animada. Teve até musiquinha do coelho da páscoa com coreografia.
Saiba mais sobre a Páscoa Livre de Consumismo
(*) Debora é mãe de três, cofundadora do Milc, cursou Letras e Semiótica. É doula e educadora perinatal há 10 anos. Atualmente vive no Vale do Paraíba e é uma das coordenadoras da Roda Bebedubem. É ativista e implicante com a sociedade atual desde sempre. Co-fundadora do Milc e membro da Rebrinc.
(*) Mariana é mãe de dois, publicitária e mestre em políticas públicas. É cofundadora do Milc e membro da Rebrinc. Mariana faz regulação de publicidade em casa desde que a mais velha nasceu e acredita que um país sério deve priorizar a infância, o que – entre outras coisas – significa disciplinar o mercado em relação aos direitos das crianças.
(*) Vanessa é mãe do Ernesto, blogueira e autora do livro Culpa de mãe. Por causa disso tudo, ajudou a fundar o Milc e luta por um futuro sem publicidade infantil. É autora do blog materno Mãe é Tudo Igual e membro da Rebrinc.
(*) Anne é mãe de dois e especialista em nada. Artista plástica por formação, pinta, borda, canta e sapateia. Tudo mais ou menos. Divide sua experiência de mãe e curiosa dos assuntos que cercam a criação de filhos na internet desde que eles nasceram, com abordagem bem humorada e ranheta, como lhe é peculiar. É editora do Mamatraca, um portal de conteúdo materno independente.www.mamatraca.com.br
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