~Recomendação de leitura~
Texto de Camila Sant’Anna*
O livro Em defesa do faz-de-conta explica bem as diversas maneiras como o desenvolvimento infantil é afetado. Explica como a criança usa as brincadeiras lúdicas pra lidar com os conflitos do dia-a-dia, seja uma nova escola, a chegada de um irmão, a separação dos pais ou até mesmo uma doença grave, e mostra que atualmente estamos tirando das crianças essas possibilidades.
Estamos deixando-as tempo demais na frente da televisão e, como todos sabemos, a informação vem pronta na TV: a criança não imagina nada, não elabora nada, não abstrai, só assiste. Ela é passiva diante da tela. Por outro lado, enquanto brinca ela é ativa, expõe seus sentimentos nas brincadeiras. Privar a criança disso é, sob vários aspectos, muito prejudicial.
Não existe isso de “desenho de criança”. Inclusive uma das ONGs mencionada no livro entrou com um processo contra Disney e a marca “Bebê Einstein”, que a empresa afirmava ser educativa. O processo pedia para retirar essa propaganda dos produtos, uma vez que não existe estudo nenhum comprovando que de fato esses DVDs ajudem no desenvolvimento da criança.
No mais é aquilo que a gente sabe, radiação, venda de produtos, direcionamento da brincadeira. O livro cita um exemplo simples, de uma criança que desenhou um dos personagens do Harry Potter, aí veio outra criança e falou que o desenho dele estava “errado”. Por quê? Porque ela tinha visto o filme e o filme mostrava que o personagem não era daquele jeito. Entendem onde eu quero chegar? A imagem já existe, já está pronta, não ha espaço para a criação quando colocamos nossos filhos sentados diante da TV. Se eu conto uma história da galinha pintadinha pro meu filho, na cabeça dele, ela pode ser qualquer uma, de qualquer tamanho, cor, jeito. Se ele vê um desenho, a “galinha pintadinha” dele vai ser igual à de todo mundo.
A autora do livro trabalha com fantoches para ajudar crianças que passam por traumas. Ela diz que é preciso usar a brincadeira para conseguir trabalhar com as crianças. Ela dá pequenas dicas de como evitar associação a marcas, como comprar brinquedos “neutros” ao invés de “personagens”. Aqui eu tenho ficado bem atenta. Se meu filho quiser um ursinho, vai ganhar um ursinho e não o Pooh… Ela diz que quanto menos informação pré-estabelecida nos brinquedos, melhor.
Título: Em defesa do faz de conta – preserve a brincadeira em um mundo dominado pela tecnologia
Autor: Linn, Susan
Tradutor: Isidoro, Debora
Editora: Best Seller
Assunto: Psicologia – Terapia Familiar
Leia outra resenha sobre o livro aqui
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*Camila é mãe de Mateus, de um ano, é bióloga e mora em Niterói.
Tags: brincadeiras brincar Em defesa do faz de conta livros proteção à infância Susan Linn