Outubro nem chegou e já estamos percebendo há algumas semanas uma profusão de apelos publicitários querendo transformar um ‘objeto qualquer’ no sonho da criançada. Nós, pais, mães, avós, tios e simpatizantes, estamos na expectativa de ir aos shoppings, cartão de crédito em punho e muitos estão até dispostos a se enfiar em um longo parcelamento para realizar o suposto sonho.
Contudo, temos dificuldade em perceber qual é realmente o desejo dos nossos filhos. Um ‘eu quero’ a cada 30 segundos demonstra que nem eles sabem. E não teriam como saber, porque desejo genuíno talvez nem exista, e não sabemos se o que eles ‘querem’ é o objeto vendido naquelas 30 segundos ou o contexto de uso do objeto.
Crianças pequenas querem duas coisas basicamente: estar com os pais e se divertir com os amigos. E todos os objetos mostrados pela propaganda estão sempre nestes contextos: observem! Parem e fiquem atentos ao que está sendo vendido: é apenas um objeto ou um valor? Foi-se o tempo que a publicidade era informativa e nos falava sobre atributos tangíveis dos objetos.
Hoje publicidade vende valor. E adultos e crianças muitas vezes são seduzidos a tal ponto que sequer percebem a estratégia. Crianças pequenas não são capazes de perceber: “se tem criança se divertindo, eu quero aquilo” é o que pensam diante do intervalo comercial. Querem tudo e querem qualquer coisa.
Você se lembra do presente que deu ao seu filho no ano passado? Pergunte se ele lembra. Dá até para apostar que, se não tiver sido um presente significativo, desejado de verdade, o objeto terá sido esquecido, estará em algum baú, em alguma caixa, gaveta ou sob as montanhas de novos brinquedos que nossos filhos ganharam desde o ano passado.
Olhe ao redor e veja o que os anunciantes, as televisões e os pontos-de-venda estão fazendo para chamar atenção das crianças. Observe as ações, observe as ofertas e aproveite para perceber que não há magia, há técnica, há pesquisa, há método para ganhar da concorrência o desejo instantâneo das crianças.
*Imagem daqui
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