brinquedos e marketing / criança e mídia / 2 de dezembro de 2014

Ainda sobre a interação crianças e telas

Comentário de Maria Cláudia*

Acho que todo radicalismo faz mal. Claro que ninguém quer ver uma criança virar zumbi em frente à tela, mas vamos aprofundar um pouco o papo?

• O problema não é o tablet – é o que você instala nele. Não é saudável entregar o tablet (a palavra entregar é chave!): tem que escolher conteúdo apropriado para a idade, sem acesso a links da web, sem violência, sem compras internas ou publicidade;
• Tem que ter hora, local e situação ok para usar e para desligar o tablet;
• Tem que usar junto com as crianças pequenas e ficar de olho no que elas usam sozinhas, mais tarde.
• Tem que acionar os dispositivos de segurança: modo avião é mais tranquilo em vários aspectos, por exemplo.
• Tablet não é sinônimo de Internet – conteúdo infantil é offline.
• Tem que prestar atenção no uso que nós adultos fazemos de nossos celulares – quanto mais você vive grudado ali, mais a criança vai achar que é esse o comportamento normal.

A verdade é que o tablet tem que ser encarado como qualquer outra atividade que se oferece às crianças. Ele pode promover brincadeiras divertidas, trazer desenvolvimentos cognitivos, trabalhar capacidades de sociabilidade e muito mais. Só que, para isso, os pais vão ter um trabalho de curadoria – idem ao que precisam ter com TV, por exemplo. Aliás, prefiro uma criança interagindo com um aplicativo adequado por alguns minutos do que assistindo passivamente um desenho animado fraco na TV, com acesso a publicidade também passiva, por exemplo.

Alguns estudos já comprovam que simplesmente limitar o tempo de uso de tela (qualquer tela!) não é suficiente. É preciso saber o que baixar para os pequenos. Desse modo, não vai haver essa neura de crianças “dominadas pelo tablet”. As telas podem ser muito bacanas ou bem prejudiciais – depende muito de como lidamos com elas. Aliás, é o mesmo para tudo na vida, certo? Acho prejudicial simplesmente negar o acesso à criança se você tem o aparelho em casa. É preciso oferecer com limites e atenção, para ela ter capacidade para, aos poucos, entender como lidar com o mundo digital, que será parte do dia-a-dia dessa geração. Segurança online também se aprende em casa.

A gente leva bem a sério o conteúdo digital infantil – e é dessa preocupação que nasceu o site. Nós fazemos uma peneirada forte dentre tanto conteúdo ruim que tem à disposição na App Store para orientar sobre o que é melhor para as crianças. Se os pais se derem ao trabalho de seguir algumas orientações simples, a relação criança-digital vai ser ótima e um complemento possível para tudo o que é offline!

Parabéns por levantar a bola de um assunto tão delicado.

Comentário no post Por que alguns pais estão tirando os brinquedos-tela de seus filhos? que resolvemos transformar em texto para que o contraditórip possa ter mais visibilidade: acreditamos na pluralidade de opiniões para que com acesso a diversos pontos de vista, cada mãe e cada pai tome sua decisão.
 
Imagem da web.
 
(*) Maria Claudia escreve no http://ipadfamilia.com.br/

Tags:  #infancialivre educação proteção à infância sem telas tablet telas

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Mariana Sá




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