Texto especial para o Milc de Vanessa Anacleto*
Michelle Obama, o Comitê Olímpico Internacional, um sem número de competições esportivas em todo o mundo, artistas, políticas de igualdade racial, de geração de renda para comunidades carentes, pesquisas científicas… Tanta coisa boa é patrocinada pela empresa bilionária através de excelente trabalho de limpeza de imagem que fica difícil não achar tudo aquilo muito legal. Se a empresa de bebida açucarada está na escola a culpa é dela mesma (e não da escola). Tudo o que nós, pais, professores e sociedade podemos fazer é resistir e lutar para manter a escola um local livre da influência das corporações. É difícil? Claro que é. Tenho certeza que muitos pais e mães adoraram a ideia da gincana e dos vídeos simplesmente por não pensar muito afundo sobre ela e não estamos aqui para culpar ninguém, sei que muitos que estão lendo este texto dirão que é exagerado. Posso ouvir algumas dessas pessoas dizendo: “eu sempre tomei bebida açucarada e não morri.” Para estes tenho como resposta a informação de que nos países em desenvolvimento, como o Brasil, cerca de 80% dos portadores de diabetes tipo 2 sequer sabem que tem a doença. Bebeu a vida toda e não morreu? Pode significar apenas precise checar sua glicose com urgência.
O festival das escolas é sim um evento fofo, que passa a ideia de estar promovendo uma vida ativa. O maior ganho do evento, porém, é colhido pela própria empresa. Os jovens estão fazendo propaganda para uma marca poderosa que usa símbolos esportivos para passar a imagem de que seus produtos só fazem bem. Os refrigerantes não precisam entrar fisicamente na escola, já está tudo tatuado na mente da galera.
Vida ativa? Já que a propaganda é a alma do negócio fechamos com o vídeo abaixo. Filmado dentro de um hospital americano, é estrelado por portadores de doenças crônicas. Segundo o Dr. Jeffry Gerber, médico do hospital onde foi filmado o vídeo e também aparece no filme que passa a verdade promovida pelas bebida açucarada:
“O consumo de refrigerante é apenas um dos vários fatores de risco para doenças relacionadas com a dieta, mas é uma dos mais importantes. Como um médico que pergunta a seus pacientes sobre suas escolhas alimentares, eu vejo ligação entre o consumo de refrigerantes e doenças crônicas como a diabetes, doenças cardíacas e obesidade todos os dias. É difícil pedir aos pacientes moderem seu consumo de refrigerante quando toda a publicidade, marketing e a presença global destes produtos no mundo incita novamente as pessoas a exagerarem nas bebidas açucaradas. ” (O vídeo foi legendado e disponibilizado pelo Idec)
Acompanhe a novela:
O que achamos do anúncio das três maiores empresas fabrincantes de bebidas açucaradas ~ Refrigerantes fora da escola, bom para quem?
Dizem que deixaram as crianças e apontaram a mira para os adolescentes ~ Refrigerantes fora da escola? Não é simples assim.
Daqui a pouco vão tentar culpar o professor ~ Marca de bebida açucarada na escola. De quem é a culpa?
Imagem Capa da revista Newsweek de março de 2010, quando a campanha de Michelle Obama ainda focava na alimentação das crianças.
(*) Vanessa é mãe do Ernesto, revisora, blogueira, autora do livro Culpa de mãe e conselheira escolar. Por causa disso tudo, ajudou a fundar o Milc e luta por um futuro sem publicidade infantil. É autora do blog materno Mãe é Tudo Igual e membro da Rebrinc.
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